quarta-feira, 27 de abril de 2011

ABRAÇADO AO BOLICENHO

Com Malucelli, a dúvida de ontem é a certeza de amanhã.

Segunda-feira, após o desastre contra o Coritiba, durante reunião do Conselho Deliberativo, estrategicamente marcada para mostrar faceta positiva da sua gestão, disse o presidente Malucelli a respeito da saída do gerente de futebol Ocimar Bolicenho:

“No mercado não há profissionais para trabalhar no setor. São poucos. Não se pode mandar uma pessoa embora sem ter quem colocar.”

Um dia depois, a autoridade, que parecia estar entre demite e não demite, mostra-se uma rocha sobre o assunto:

“Ocimar tem meu apoio total. Ele não admite e nem demite jogadores. É um funcionário do clube, como tantos outros. A responsabilidade do departamento é do diretor de futebol Valmor, e do Adur, que tem auxiliado. Esses dois conduzem o departamento de futebol e o Ocimar cumpre decisões que vem do diretor, o Valmor.”

Que imagem me vem à cabeça?

– Adur, tá a um fim de um café? – diz Valmor para o auxiliar, entretido em ver tape de jogo entre Aparecidense e Itaperuna, em busca de zagueiros indispensáveis para o rubro-negro.

– Até que seria bom, esta pelada tá um saco – responde o enfastiado Adur.

– Ocimar, pega lá dois cafezinhos, o meu com cinco gotas de adoçante, o do Adur puro – ordena Valmor para o Bolicenho, o único profissional da área, uma joia rara encostada ao lado do telefone, pronto para atender às determinações da dupla dinâmica.

– Ahn? – Sacode-se Ocimar, dorminhocando atrás dos imensos óculos escuros.

– Vamos Bolicenho, dois cafés, rápido, olha que eu digo ao Malucelli que você não está cumprindo minhas decisões – cai o pano da ópera rosso-nera.

O rapaz do cafezinho, apenas um funcionário do clube, foi o mesmo que avalizou a contratação de Madson, já havia trabalhado com ele no Santos, um bom menino, só tinha seis advertências sobre faltas a treinamentos. Quantas terá no Atlético?

Sem poder, deve acumular também as funções de porteiro.

– Abre a porta Bolicenho – comanda Valmor para a entrada dos cinco novos contratados. – Acompanha até a porta Bolicenho – determina Adur para a saída dos quatro recém-chegados demitidos.

O que se pode deduzir é que o Valmor e o Adur estão atrapalhando o serviço do pobre Bolicenho, subestimando seu valor, dando-lhe funções não condizentes com sua inquestionável capacidade.

Antes que o departamento seja chamado de “sala da saudade”, já foram buscar Lucas, agora pensam em Marcinho, ou “seção de ataque”, o time só tem um zagueiro e continuamos procurando atacantes, é melhor demitir os responsáveis, o Valmor e o Adur, que não são funcionários do clube, e deixar o Bolicenho trabalhar, cumprir sua missão, sem os estorvos da velha guarda.

Falar sobre bastidores é sempre uma incógnita, sabe-se lá o que está por trás de tudo. Armadilhas, minas e petardos estão distribuídos a cada passo, prontos para detonar quem se atreve a invadir seus domínios.  

Certo é que Malucelli já colocou para escanteio o aliado que o elegeu, agora, joga a culpa da desgraca no colo dos amigos que o vieram ajudar.

Nessa balada, vai acabar morrendo abraçado ao Bolicenho.

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