segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BOCA CALADA

O torcedor tem que entender. Vamos para a segunda divisão por que não temos o menor valor moral para permanecermos na primeira. O jogo de ontem mostrou isso.

Não que não tenhamos péssimos jogadores, ex-atletas, moribundos do esporte. Temos sim, muitos, mas o Avaí não tem?

O nosso problema maior é a falta de merecimento. Quem vê Ceará, Bahia, América Mineiro e outros do fim da fila vai encontrar times muitos fracos tecnicamente, mas valorosos, lutadores, prontos a ganhar um ponto com sangue na boca.

O Atlético é fraco e sem um pingo de coragem, de vergonha na cara. Nem respeitar a torcida respeita. O único compromisso é passar no caixa para receber.Os empresários já estão buscando novos times para o ano que vem, 2011 já é passado.

O presidente deveria ter uma conversa com o Lopes e deixá-lo à vontade para seguir destino. Em fim de carreira cheia de vitórias, o delegado não merece ter nas mãos gente sem a menor vontade de jogar, pronta a colocar seu currículo na lama.

O Renato saiu porque entendeu o grupo de famigerados que tinha nas mãos. O delegado não deve se sentir obrigado a permanecer nesse ninho de ratos.

Perder de três a zero para o Avaí muito desfalcado é afirmar com todas as letras:

"Nós vamos afundar este time para a segunda divisão, queiram ou não queiram. Os únicos que podem tirar o time desta situação somos nós, jogadores, e nós não queremos. Dá para entender?"

Dentro desse triste e lamentável quadro, enquanto não puder dizer nada de bom, for obrigado e transformar o insulto em frases aceitáveis, bater palma para louco dançar, estarei de boca calada.

sábado, 8 de outubro de 2011

SONHE COM OS ANJOS

O técnico Toninho Cecílio está fazendo preleções diárias, a psicóloga está de agasalho no meio do campo, o Avaí encara a partida contra o Rubro-Negro como a última batalha, vai buscar no exemplo do Fluminense de anos atrás a motivação para ganhar e deixar de sofrer.
O técnico fechou o treinamento para a imprensa, a escalação só sai minutos antes da partida. Fora indefinições quanto aos nomes dos substitutos de Robinho e Willian, fica a dúvida com relação ao esquema de jogo a utilizar.
Contra o Bahia, Cecílio usou um 352 flexível, com o volante Bruno fazendo em determinados momentos o zagueiro pela direita, Dirceu o líbero e Jean o zagueiro pela esquerda. Quase deu certo. Perdendo de um a zero ao findar do primeiro tempo, o Avaí entrou e virou em poucos minutos. Lá pelos trinta, quando o jogo parecia controlado, também em poucos minutos, sofreu a revirada e perdeu. Parece que o Bahia gosta de se virar nos trinta.
Agora Bruno está machucado e é dúvida. Se não jogar, creio que Acleison possa fazer a função, ao lado de Junior Urso. Até aí morreu Neves.
Fato é que Cecílio, para ganhar, vai ter que atacar, soltar os laterais Daniel e Fernandinho, forçar a subida de Pedro Ken pela esquerda e liberar Lincoln para armar por todo o ataque. O ex-coxa foi muito eficiente contra o Bahia. Armou jogadas, forçou o lance individual, entrou na área, fez até gol. É o jogador mais intenso da equipe.
Lincoln, deserdado por Felipão no Palmeiras, foi tentar a sorte na Ressacada. Tem um futebol comum, merecedor da marcação atenta, não dá para bobear, mas longe de um D’Alessandro que tanto nos incomodou domingo passado.
O ataque saiu do banco, aqueceu e foi escalado. Rafael Coelho brilhou no Figueirense, apagou no Vasco, e luta pela posição no Avaí. É o clareou, pateia, como diria um amigo velho. Leandrinho, se for ele a entrar em campo, é armador de vinte e seis anos, campeão pelo Porto de Portugal em 2007-2008 e campeão com a seleção brasileira sub-20 em 2007. Nunca vi jogar. Vai ser difícil ter a mesma movimentação de Robinho.
Se o nome do jogo não fosse futebol, diria que o Atlético tem grandes chances de ganhar.
Finalmente jogaremos contra time em situação pior que a nossa, com desfalques importantes. Finamente, o fator emocional nos é favorável.
Em uma hora todos os ingressos para a partida foram vendidos, a caravana rubro-negra está pronta para ganhar a estrada, quase mil e trezentos atleticanos para almoçar na lagoa da Conceição. O Avaí tem uma média de seis mil torcedores por partida, mas colocou os ingressos a R$ 20,00 em todos os setores, quer a casa cheia. Mesmo assim, penso que o nosso grito será preponderante.
A chance é boa. Lopes vai sonhar e, dependendo do sonho, escalar o lateral-esquerdo. Está na dúvida entre Héracles e Bruno Costa, entre atacar e defender. O delegado sabe que o avanço de Pedro Ken e de Fernandinho deixa um belo espaço a ser explorado pela direita do nosso ataque. Vai precisar de alguém que chegue à frente pela esquerda para a virada de jogo. Baier? Héracles?  Quem sabe?
Para o bem do Atlético, senhor delegado, sonhe com os anjos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CABEÇA DE STEVE JOBS

O Atlético está escalado para o jogo em Florianópolis. Renan Rocha; Edilson, Manoel, Fabrício e Héracles; Deivid, Cleber Santana e Renan Foguinho; Marcinho, Baier e Nieto. Gustavo pode substituir Fabrício. O departamento médico escalará o zagueiro.
Quem sabe seja esse o melhor Atlético do ano. Mescla novatos e veteranos, tem jogadores de boa técnica, vem ganhando entrosamento, tem Nieto no ataque, após os dois gols de domingo, alguém para preocupar os barrigas-verdes.
Os últimos jogos têm mostrado os efeitos da pressão sofrida pelos meninos. Deivid e Renan Foguinho passaram mal em diferentes intervalos de jogo, Héracles terminou partidas de arrasto, preso na lateral do campo. As borboletas psicológicas marulhando o estômago, os macaquinhos emocionais agarrando pelos calcanhares.
Os volantes têm a responsabilidade de marcar armadores decisivos, carregam o peso de não poder errar na defesa e, ainda, ajudar com suas presenças no ataque. Héracles sofre com a lateral-esquerda. O setor ficou consagrado como vulnerabilidade, é intensa a articulação de jogadas adversárias sobre a posição. Pior, exige-se sua participação ofensiva. As responsabilidades são grandes, as circunstâncias as tornam imensas.
Cito os pratas da casa, sem transformar os demais jogadores em senhores das emoções, os nervos sob total controle. Contra o Inter, até o primeiro gol de Nieto, Edilson estava preso à lateral, Guerrón perdia bolas e fazia faltas, passes tinham destino equivocado. Explica-se, era jogo de vida ou morte. O gol, fruto da serenidade de Marcinho, sussurrou um “é possível” no ouvido de cada um, levantou a autoestima no chinelo.
Talvez os jogadores não saibam, mas a torcida tem neles total confiança. Como não apoiar Renan Rocha, Manoel, Héracles, Deivid, Foguinho, garotos por quem torcemos há tantos anos. Como não desejar o melhor para Edilson, Santana, Fabrício, Baier, Marcinho e Nieto, donos das camisas dos nossos sonhos.
Os treinamentos da semana foram proveitosos. Temos em Santana, Baier e Marcinho jogadores com larga experiência, capazes de apoiar os mais novos nas dificuldades. Nossa torcida vai tomar a ilha de assalto, mostrar a crença no bom momento da equipe. Tudo conspira para a vitória.
Quem sabe seja tempo de citar as lições de um craque, certamente fontes de inspiração para jovens e veteranos em dificuldades. Entre tantas, selecionei algumas poucas:
SE VOCÊ PERDER O BARCO, TRABALHE DURO PARA RECUPERAR O TERRENO PERDIDO
ENCARE AS DECISÕES DIFÍCEIS
NÃO SE DEIXE LEVAR PELAS EMOÇÕES
SEJA FIRME
NÃO COLOQUE TODA A CARGA SOBRE AS SUAS COSTAS
FAÇA AS COISAS EM EQUIPE
Essas são lições do líder da empresa mais revolucionária do mundo. O amigo vai encontrar muitas outras no fantástico livro “A CABEÇA DE STEVE JOBS”
Ao gênio a nossa homenagem

COM O DELEGADO E NÃO ABRO

Os treinamentos do Atlético na terça-feira se dividiram entre a prática de finalização para atacantes, armadores e laterais, e posicionamento defensivo para volantes e zagueiros. Ontem, em campo reduzido, os jogadores priorizaram a marcação forte e a posse de bola.
Como se observa, prioridade para a marcação. O amigo vai discordar, dizer que a preferência deveria ser o ataque, o treinamento de jogadas que levem ao gol tão necessário para a vitória. Eu fico pensativo, uma estátua de Rodin em carne e osso.
Volto ao jogo contra o Internacional, aos quinze primeiros minutos do segundo tempo. Não tomamos gol por milagre. Desculpem amigos, tomamos, tivemos a sorte do auxiliar estar nos braços de Morfeu no momento do lançamento de Ricardo Goulart para Jô e anular a ação. O jogo poderia ter acabado ali.
Ao buscar o ataque, ao perder Renan Foguinho, o Atlético se desorganizou defensivamente. Nossa segunda linha de contenção ficou formada por Santana, Fransérgio e Baier, todos com baixo poder de marcação. Oscar, Ricardo Goulart e D’Alessandro passaram a jogar livres, ter liberdade para criar, armar jogadas que por pouco não terminaram no fundo das redes. Vejamos.
Em escanteio para o Rubro-Negro, os zagueiros foram para a área colorada, o rebote caiu nos pés de D’Alessandro livre, cinco passos com a bola, o lançamento para Oscar marcado à distância, o passe de primeira para Ricardo Goulart mandar a bomba muito bem defendida por Renan Rocha. Impossível em lance como esse, D’Alessandro, o puxador de contra-ataque do Inter, posicionado na frente da área justo para isso, estar sem qualquer marcação.
Bola na intermediária, Ricardo Goulart recebe, passa entre Baier e Fransérgio, o volante evita fazer a falta, Goulart passa a Jô que entra área adentro e marca. O bendito gol anulado. Fransérgio pode ser até atacante, como queria Renato Gaúcho, pode ser o armador que o Atlético precisa, mas volante que evita fazer falta no meia que parte livre para cima dos zagueiros é risco para a equipe.
D’Alessandro livre pela direita, o dono do time gaúcho, um atirador de elite no lançamento, tem todo o espaço para cruzar no segundo pau. Oscar erra a finalização.
D’Alessandro pela direita, se aproxima de Marcelo Oliveira, dá-lhe um la boba em cima da linha de fundo e entra sobranceiro dentro da área, a cobertura a quilômetros de distância. 
Senhores, o velho delegado está certo, temos que marcar melhor, com aproximação, espaço mínimo para os principais armadores adversários. Se o Edinho do Fluminense, com dez anos de serviço, correu atrás do Neymar o jogo todo contra o Santos, por que nós temos que deixar os adversários livres como o Bibinho. Por acaso eles têm alguma liminar que lhes dê total direito à liberdade para jogar? Não vamos mais ter tanta sorte assim.
O amigo vai dizer: “É, pode ser, mas temos que atacar”. Perfeito.
Daí o treino de finalização. Don Nieto não pode perder os gols que perdeu, até pode se já tiver feito uns três de cabeça. Temos que explorar melhor algo que pode ter passado despercebido para muitos. A boa atuação de Nieto como pivô. Tivéssemos alguém mais próximo do argentino, pronto a receber seus passes e partir para o gol, no mínimo teríamos criado um número maior de chances. Esta a grande necessidade, criar chances.
Assim, após esse flashback de dar calafrios, olho para a telinha e fecho o texto. Estou com o delegado e não abro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A RAZÃO NOS FORTALECE

Há um frenesi por parte da imprensa para saber de onde virão os recursos para a construção da Baixada 2014. Pois vou lhes dizer uma coisa. Se lá no século passado, quando o Atlético estava no fundo do poço e resolveram demolir a o Farinhacão para construir a nova Arena eu não perguntei de onde vinham os recursos, não vai ser agora que o Governador do Estado, o Prefeito de Curitiba, o Petraglia e o Geara estão sorridentes em volta de um trator comemorando o início das obras que eu vou perguntar.
Tenham a santa paciência.
Acho que do primeiro furo a ser feito para as fundações das garagens na área do antigo colégio deveriam ser coletados uns punhados da sagrada terra rubro-negra, acondicionados em vasos de fina porcelana de Campo Largo, plantadas pimenteiras de diversas espécies, lanceoladas espadas de São Jorge, cheirosos pés de arruda e enviados ao pugilo de invejosos que teima em jogar areia no projeto de estádio mais barato e mais avançado de todos aqueles selecionados para a Copa 2014.
Outros estão preocupados com a ausência do Malucelli do ato de inauguração das obras. Como disse o Petraglia, aquele era um evento de trabalho. Eu espero que o presidente esteja lá no Caju, acompanhando treinos, resolvendo problemas da área do futebol. Esse é o seu compromisso. O compromisso do Petraglia é a conclusão da Baixada a tempo da Copa das Confederações. Cada um no seu quadrado, sem falsidades, cumprindo as responsabilidades assumidas. Só faltava aquele aperto de mãos mentiroso emoldurado por sorrisos amarelo fralda de criança nova. Sejamos verdadeiros irmãos, este é o caminho.
Até nisso o Atlético inova. Busca dois objetivos de grande magnitude, sob a égide de dois comandantes que se odeiam. Se isso não é prova de valor, de dedicação a uma causa, então não sei o que é. Vamos Furacão!
Com a confiança da torcida nos dois timoneiros, apoio incondicional aos dois empreendimentos, desprezo pelo ganir da matilha enraivecida e invejosa, poderemos transformar este num dos maiores e mais importantes momentos da história do Atlético.
Foi difícil chegar até aqui. Muita água rolou por baixo da ponte, muita gente contribuiu com seu patriótico cochicho. É assim mesmo para o rubro-negro, difícil, suado. Dói aqui, dói ali, põe gelo aqui, bolsa de água quente ali, as dores vão sendo assimiladas, os proveitos considerados, as barreiras superadas. Infelizmente, ficam as cicatrizes da batalha.
Parabéns rubro-negros de todos os quadrantes, parabéns a você a quem agradeço a leitura na Índia, na Croácia, no Canadá, no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Rússia, na Turquia, no imenso Brasil. Hoje, finalmente, podemos dizer de boca cheia: O Atlético nos une, a razão nos fortalece.

A ÚLTIMA PEDRA NO CAMINHO

Em breve viagem pela Alemanha tropical – Joinvile, Pomerode, Blumenau e Brusque –, encerrada na ilha dos sotaques açorianos – Floripa –, deixei minha caixa de emails transbordar. Aos poucos, lento como tartaruga salva pelo projeto Tamar, fui lendo as mensagens dos amigos, acolhendo opiniões, entendendo angústias.
Meus amigos se dividem em duas vertentes principais, que naturalmente podem convergir. Uns preocupados com o futuro do Brasil, outros com o destino do Atlético. Ambos parecem estar no limite do cansaço.
Os primeiros assolados pela corrupção, pelo baixo nível da política, pela ausência de mobilização nacional para os grandes temas. Para quem assistiu estudantes em pé de guerra contra a polícia a cavalo, a entrega da nossa juventude é fonte perene de desolação.
Os segundos, os rubro-negros, esmagados pela situação da equipe, insultados por colunistas insistentes em soprar brasas adormecidas, hesitantes frente a convites para a conciliação ponteados de estiletes prontos a cutucar feridas mal cuidadas.
Compartilho todas as dores.
Para não me aborrecer demais, seleciono leituras. Só leio autores que tem por objetivo ajudar, unir, criar condições para a melhora, ou, no mínimo, pautar pela verdade mesmo que dura.  
Leio amigos amargurados, soltando chispas pelas ventas, simplesmente por ter arriscado leitura fácil de evitar.
Se não entendo o leitor daquilo que o enraivece, também não compreendo aquele que escreve, permite comentários e se ojeriza com eles. No futebol, abrir espaço para o torcedor é um perigo. Dias atrás, notícia sobre o Atlético pedia opiniões. Fui ver. As menos insultuosas começavam por “cadelas poodles”, os coxas exercendo seu inalienável direito.
O comentarista matreiro, aflito em não cair do microfone, especializa-se no uso do mas. Diz ele: “O Vasco domina amplamente, tem tudo para conseguir a vitória, mas o Palmeiras tem grandes jogadores, capazes de decidir a partida em um único lance.” Pronto! Cercou-se de todos os cuidados. Qualquer reviravolta será explicada pelo mas intrometido. Para tudo tem um jeito.
O Brasil não tem mais jeito, mesmo que gritos esparsos se sucedam, até no Rock in Rio coros anti-Sarney foram ouvidos. Já é um começo para o fim das oligarquias. Sejamos otimistas.
O Atlético tem jeito. Temos duas tarefas a cumprir dignas de um Hércules em seus melhores momentos, a fuga do rebaixamento e a construção da Arena 2014.
Cada qual tem seu protagonista, histórias, infelizmente, distanciadas em momento crucial para o nosso Rubro-Negro. Cada qual tem seus devotos e suas certezas, seus inimigos e suas verdades.
O Atlético precisa de dois gestos de elevada grandeza moral e de extrema simplicidade. Basta que os dois personagens centrais se suportem com nobreza, permitam-se tocar seus projetos sem lançar pedras no caminho alheio. Não é pedir demais.
Que a pedra fundamental a ser lançada hoje, no reinício das obras da segunda fase da moderna Baixada, seja a última pedra no caminho.   

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

É TUDO QUE EU ESPERO

Mesmo sem encontrar fundamento para o meu otimismo, sabia que ele me animava por alguma razão, algo a ser visto durante o jogo, criar o clima para a vitória. Pois acreditei no sentimento, por vezes me preocupei, não perdi a fé, vi um Atlético macho os noventa minutos, acompanhei a torcida no seu canto vigoroso e permanente, vibrei com os gols de Nieto, sai de campo feliz.
Como tudo neste campeonato, não foi nada fácil.
O Inter começou melhor, criando chances de gol. Nos primeiros cinco minutos, Jô foi bloqueado duas vezes no momento da finalização. O Atlético muito recuado sofria com as bolas cruzadas para cabeceio, os passes verticais davam muito trabalho para Manoel e Fabrício.
Aos oito, em meio a tamanha tribulação, em escanteio pela esquerda, um idiota jogou objeto em D’Alessandro. Só faltava essa. Impossível não escapar um palavrão. Lá vamos nós de novo para o banco dos réus. Em minutos, o energúmeno já estava seguindo para o BO.
Acuado, o Rubro-Negro não conseguia avançar seus laterais, sua linha de volantes. O tiro de meta era cobrado e encontrava na frente apenas Guerrón, Baier e Nieto. O restante da equipe permanecia atrás da linha de meio campo, tornando impossível criar no ataque, manter a posse de bola ofensiva, desafogar a defesa.  
Na coragem, lá pelos vinte, o Furacão conseguiu marcar a saída de bola do Inter. Aí as coisas melhoraram. Aos vinte e um, Marcelo Oliveira cruzou e Nei interceptou com o braço dentro da área. Pênalti claro. O juiz não deu. O jogo ficou equilibrado. Aos vinte e seis, Jô cabeceou rente à trave, mas o Atlético se fazia presente no ataque, com bolas paradas mal aproveitadas e um Paulinho tímido pela esquerda.
O lance mais bonito do jogo teve início com Paulinho. O lateral cruzou, a defesa deu rebote, Paulinho recuperou a bola, passou a Baier, levantamento na área, novo rebote, Baier cabeceou para Paulinho, este para Guerron marcar em impedimento. Infelizmente. Certo o bandeira.
O primeiro tempo terminou com Santana sem saber a quem marcar, Guerrón muito marcado, Oliveira nervoso demais, a torcida pedindo Marcinho. Pediu e ganhou.
Marcinho substituiu Paulinho, que Lopes acha muito ofensivo, Oliveira foi para a lateral. Se Paulinho é ofensivo, por que Oliveira não começou de lateral e o substituído de volante? Tem coisas que eu não entendo.
Os cinco minutos foram de jogar a toalha. Aos três o Inter quase marcou, o bandeira acusou impedimento com correção. Aos cinco D’Alessandro driblou Oliveira na linha de fundo e foi passear dentro da área, cruzou rasteiro e um pé santificado salvou. Segundos depois, D’Alessandro cruzou da direita e Oscar chegou atrasado no segundo pau. O colorado estava melhor e aos sete, marcou com Jô em chute cruzado. Olhei para o assistente e vi a bandeira levantada. O gol foi legal. Azar da gauchada. Vamos em frente.
Aos treze o futebol de Marcinho ainda estava ausente da partida. Estava. A esperança pegou a bola pela esquerda, a marcação deu espaço e o cruzamento saiu perfeito para a cabeçada precisa de Nieto. Gol do Furacão. Olha aí a razão do meu otimismo.
O Inter foi à luta. Aos dezesseis, Jô cabeceou no cantinho e Renan salvou espetacularmente. Isso guri. Aos dezenove, Guerrón passou para Nieto livre perder gol feito. Dá um bico Nieto.
Aos vinte e cinco o Atlético começou a trocar passes, ganhar divididas. O Inter parecendo cansado foi para o jogo aéreo, com Fabrício e Nei pelos lados e D’Alessandro conseguindo faltas. Se o argentino as consegue, Guerrón faz e ganha amarelo. Alguém trem que orientar la dinamita. O adversário é quem tem que fazer falta, levar cartão.
Estávamos aos trinta e sete, momento crítico da partida, aquele em que costumamos entregar a rapadura, as bolas voando sobre nossa área. Marcinho recebeu no meio campo, passou a Edilson na direita, novo cruzamento perfeito, nova cabeçada precisa, novo gol de Nieto. Aleluia irmãos! Ganhamos!
Calma! Nei chutou de fora e Renan salvou outra. Um gol e lá vem o trauma de novo. Oliveira toca para Nieto livre, lá vai o argentino pedir música, perdeu de novo gol feito. ? No ha entendido Nieto? Dá de punta!
O Atlético foi valente, marcou, ganhou divididas, aguentou a pressão imensa, foi preciso nas finalizações, não errou, não brigou com a arbitragem, ganhou. A torcida foi grandiosa, há tempos não a via tão presente. Lopes reclamou dos que ficam atrás do banco. Veterano que é, deve saber que ali é o lugar dos treineiros sem sorte, é entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Ganhamos. Nem vou olhar a tabela, somar pontos. Vou esperar o meio de semana e deixar-me invadir pelos sentimentos, ver se o otimismo me abraça novamente. É tudo que eu espero.

sábado, 1 de outubro de 2011

TE VEJO NA ARENA

Estou aqui de cara para a baía norte na bela ilha de Florianópolis. Resolvi tirar uns dias, passear pelo interior catarinense, onde encontrei a agradável Pomerode e a infraestrutura viária precária, um insulto aos milhões de reais pagos em impostos pela florescente indústria do vale o Itajaí. Como nossos governos podem ser tão incompetentes, retribuir o trabalho com lombadas, picadas cobertas de asfalto, velocidades máximas dignas das bigas de Ramsés I.

Voltemos ao meu Atlético.

O amigo já se sentiu confiante para uma partida muito difícil, com uma estranha sensação de que vai dar, mesmo não tendo nada de excepcional para justificar seu estranho otimismo?

Pois amigo, é assim que eu me sinto para o jogo contra o Internacional.

Busco fragilidades no colorado que emprestem razão ao meu sentimento positivo e encontro no afastamento de Andrezinho o único pilar de sustentação.

Andrezinho ataca pelos dois lados do campo, ajuda na defesa, bate faltas e escanteios. É falta sentida, sua saída pesa no rendimento da equipe. O jovem Delatorre que o substitui não tem a mesma presença em tantos espaços do  campo, mas é um segundo atacante de qualidade. Contra o Galo, entrou, foi jogar pela direita e conseguiu duas boas finalizações.

Kléber o lateral esquerdo da seleção do Mano, aquele do chicletinho, segundo gaúcho velho mais colorado que o saci, foi um azar do Atlético o cartão amarelo que o afastou da partida de domingo. Fabrício, seu substituto contra o genérico mineiro, entrou e marcou no primeiro lance de que participou.

Não podemos esquecer a contusão de Damião que colocou o ex-corinthiano Jô no comando do ataque gaúcho. Impossível comparar.

Com essas saídas e possíveis entradas, o Inter é aquele time de marcação, com Bolatti e Guiñazu na frente da zaga distribuindo carícias, cartões de visita para os afagos de Juan e Bolívar.

A armação fica por conta de D'Alessandro, o dono do time, e seu fiel escudeiro Oscar, sempre próximo, fazendo dupla com o argentino. O gringo vem buscar, puxa contra-ataque, lança longo com perfeição. Canhoto, gosta de jogar pela direita, investindo pelo lado da área para cruzar, ou pelo meio para bater de fora. Tem que marcar, com cobertura.

Oscar já fez nove gols no campeonato. No jogo em Porto Alegre, nos matou com um chute de fora colocado. É outro que merece atenção.

Do Atlético pouco sei, as informações da imprensa deixam dúvidas quanto à escalação. Vejo entretanto um número maior de jogadores com capacidade de jogar no ataque chamados a treinar no time de cima. Fala-se em três atacantes, na volta de Marcinho, essa sim uma ótima notícia.

Sei que estou confiante. Deve ser o ar marinho, a possibilidade de comer uma bela sequência de camarão no almoço de hoje. Tudo conduz ao meu calmo retorno e à vitória amanhã. Te vejo na Arena.