A volúpia com que o
torcedor atacou os ingressos do UFC me colocou para pensar. Os preços
caríssimos me colocaram para pensar ainda mais. Por que o torcedor que chora as
pitangas para se associar ao Furacão trava o sistema de vendas para o show no
Coliseu rubro-negro? A novidade? O desejo de presenciar a violência transportada
dos tempos da Roma antiga? Sei lá. O amigo que conhece melhor a modalidade pode
ter a resposta que não tenho.
Sigo no tema. Por que
o torcedor não se associa, já que propala amor eterno ao Furacão, e os preços são
inferiores aos cobrados no espetáculo de extrema violência? Quem sabe a
resposta esteja na palavra espetáculo. O UFC vem sendo promovido como espetáculo
desde que confirmado, ontem, quarta-feira, um dos canais do SporTV colocou no
ar entrevista com promotores e lutadores a participar do evento, esses, heróis
e heroínas dos novos tempos.
O futebol deixou de
ser um espetáculo. Os heróis minguaram nos principais clubes do país, a seleção
nacional é retrato da carência de gênios que já dividiram espaços em nossos
estádios. Não há mais o que ver. Os jogadores ganham fortunas para atuar mal,
errar passes, o torcedor os vê em carrões, nas baladas, nas redes sociais, e
não sente sua paixão bem representada, então, para que gastar dinheiro em
mensalidades, melhor esperar, quando um grande jogo acontecer, gasta-se algum,
tira-se a camisa da gaveta.
Qual a solução? Voltar
às origens, criar craques, contratar jogadores de caráter, treinadores competentes,
montar times que se identifiquem com o torcedor, com as tradições do clube,
promover campeonatos, espetáculos, gerar de novo uma onda de credibilidade, que
devolva a fé ao torcedor. Não a fé cega
dos apaixonados, mas a fé clara dos inteligentes.