terça-feira, 22 de março de 2016

EU ERA FELIZ E NÃO SABIA

Há tempos observo com preocupação o comportamento da torcida atleticana. O que era um fervor, um alento ao time em dificuldades, transformou-se em torcida de horas boas, ao invés de carregar o time nas costas é estimulada pelo bom rendimento da equipe. O alto preço dos ingressos mudou o perfil do torcedor?

Não é assim apenas com o Furacão. Acontece em todos os estádios, todas as torcidas. As organizadas – a minoria ativa –, tenta puxar a morna maioria, entretanto, se o time rateia, morre no esforço. Até que me provem o contrário fico com o novo axioma: é o time que puxa a torcida. Ou sempre foi assim?

No domingo foi exatamente isso. Um ataque que quase resultou em gol logo no início, marcação forte, presença ofensiva levaram a torcida coxa ao domínio, o atleticano que levou o filho pequeno ao estádio, se não saiu mais cedo, ali pelos trinta do primeiro tempo, corre o risco de comprar camisa do Coxa no Natal.

Aí cabe outra análise. Teria a mudança da torcida visitante para a arquibancada superior dado maior volume sonoro ao torcedor alviverde? Aquela posição é alto-falante poderoso para o torcedor adversário? Se é, é bom repensar a ideia, entocar de novo os inimigos no nível do campo, submetê-los aos desfavores das sonoridades.

Coisas para pensar, sem nunca esquecer a atuação deprimente, imperdoável de nossos jogadores. Se é aquele o futebol do Atlético, pode colocar a casa abaixo e começar de novo. É muita tecnologia para pouca valentia. Tem horas que eu volto ao meu abrigo seguro lá em 1983. Lá havia raça, técnica, coração. Eu era feliz e não sabia.

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