Há tempos observo com preocupação o
comportamento da torcida atleticana. O que era um fervor, um alento ao time em
dificuldades, transformou-se em torcida de horas boas, ao invés de carregar o
time nas costas é estimulada pelo bom rendimento da equipe. O alto preço dos
ingressos mudou o perfil do torcedor?
Não é assim apenas com o Furacão. Acontece
em todos os estádios, todas as torcidas. As organizadas – a minoria ativa –,
tenta puxar a morna maioria, entretanto, se o time rateia, morre no esforço.
Até que me provem o contrário fico com o novo axioma: é o time que puxa a
torcida. Ou sempre foi assim?
No domingo foi exatamente isso. Um
ataque que quase resultou em gol logo no início, marcação forte, presença
ofensiva levaram a torcida coxa ao domínio, o atleticano que levou o filho
pequeno ao estádio, se não saiu mais cedo, ali pelos trinta do primeiro tempo,
corre o risco de comprar camisa do Coxa no Natal.
Aí cabe outra análise. Teria a mudança
da torcida visitante para a arquibancada superior dado maior volume sonoro ao
torcedor alviverde? Aquela posição é alto-falante poderoso para o torcedor adversário?
Se é, é bom repensar a ideia, entocar de novo os inimigos no nível do campo,
submetê-los aos desfavores das sonoridades.
Coisas para pensar, sem nunca esquecer
a atuação deprimente, imperdoável de nossos jogadores. Se é aquele o futebol do
Atlético, pode colocar a casa abaixo e começar de novo. É muita tecnologia para
pouca valentia. Tem horas que eu volto ao meu abrigo seguro lá em 1983. Lá
havia raça, técnica, coração. Eu era feliz e não sabia.
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