segunda-feira, 11 de abril de 2011

O ATAQUE PODE MUDAR

Treinadores são escravos dos esquemas que lhes renderam seus maiores sucessos. Assim é Geninho com seus três zagueiros, assim é Adilson com seus três volantes. Fornecida a escalação, eles estavam lá: Deivid, Robston e Kleberson.
O jogo em Cianorte foi um treino responsável do esquema que Adilson pretende implantar. Ainda não consigo ler pensamentos, muitos conseguem, até as intenções de Schumacher a 300 quilômetros por hora alguns lêem com facilidade. Ainda chego lá. Enquanto isso não acontece, imagino, quebro a cabeça para adivinhar as pretensões dos nossos treinadores.
O tanto refletir me faz acreditar que a prioridade de Adilson seja um time defensivo, uma primeira linha de quatro, três volantes à frente dessa linha, um pivô e dois atacantes de movimentação, usando os lados do campo e chegando à área para finalizar.
Funciona? Claro que funciona. O melhor time do Brasil na Libertadores, o Cruzeiro, joga assim.
As características individuais dos três mosqueteiros à frente da zaga são fundamentais para que o esquema tenha rendimento superior. Além de bons marcadores, têm que chegar ao ataque com qualidade, passar com eficiência, ocupar espaços dentro da área e finalizar com precisão.
A eficiência do pivô, a intensidade da sua atuação e sua capacidade de servir os companheiros desmarcados dará ao ataque a mobilidade necessária para confundir e criar a surpresa tão importante ao sucesso do movimento ofensivo.
Considerada a minha linha teórica minimamente correta, vamos ver como funcionou dentro de campo. Vencemos, sem sofrer gols. Primeiro objetivo de um time com prioridade defensiva alcançado.
E os nossos volantes, como se saíram? Defensivamente vou dar seis. O que derrubou a nota foi o elevado número de faltas na frente da área e o baixo índice de desarmes, importantíssimos para o contragolpe. No ataque foram bem, por várias vezes se aproximaram da área, trocaram passes, fizeram lançamentos, um excelente de Deivid para Guerron, Robston finalizou duas vezes e Kleberson uma, obrigando o goleiro a grande defesa. Para primeiro treino, gostei.
Embora a vitória se contabilize sobre mais uma assistência de Paulo Baier, acho que o nosso capitão pode jogar mais, dizer presente nas triangulações pelos lados, onde um toque de qualidade cria espaços vitais para chegar-se ao gol. Tenho certeza que vai melhorar.
Os atacantes giraram no ataque, tentaram criar jogadas pelos flancos, voltaram para auxiliar na marcação. A presença de Guerron atrai a manobra ofensiva. Está na direita, o time joga pela direita, vai para a esquerda, a ação se desenvolve pela esquerda. Adailton ficou fora da tela. Senti a ausência de uma melhor distribuição das jogadas, um imprevisto virar de jogo.
Faltou falar sobre a primeira linha de quatro. Pois bem, vamos lá. No primeiro tempo, o Cianorte forçou pelo lado de Paulinho, conseguindo uma série de escanteios, em um deles quase acontecendo o gol do Cianorte. Aos quarenta minutos, em jogada sobre a posição de Dalton, muito parecida com o primeiro gol do Paraná no clássico, outro quase.
Voltando do intervalo, o time da casa veio determinado a explorar nosso zagueiro-direito. Aos dez repete-se a situação e Renan faz grande defesa. Adilson tira Diniz e coloca Bruno Costa. Deivid vai para a lateral, quem sabe uma tentativa de resolver o problema no setor.
Nada. Aos vinte e seis, Renan salvou outro e aos trinta Deivid e Dalton batem cabeça e mais um quase. Era óbvia a falha de marcação. Até a bandinha do Cianorte se animou. Sai Dalton entra Fransergio. Arrumou-se a cozinha.
 A partir daí, o Atlético trocou passes, embalado pela gritaria de Adilson e facilitado pelo bom toque de Heverton, substituto de Adailton. Foi um bom treino. Mostrou erros e acertos, e a capacidade de Adilson entender o problema e tentar resolvê-lo.
Não creio que esse esquema seja definitivo, tem muita gente para entrar. Da escravidão dos três volantes acho que Adilson não se liberta, mas o ataque pode mudar.  

2 comentários:

  1. Não acho o nosso lateral esquerdo jogador para o CAP, o que você acha?
    Acredito muito no Fransergio, espero que o Adilson utilize mais esse jogador. e você Ivan, o que acha?
    Abraços
    Marco Aurélio

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  2. Bom-dia Marco Aurélio
    Realmente o Paulinho não é um jogador brilhante. Porém, eu o acho muito regular, pouco se contunde, dá pouco espaço para cruzamentos e consegue chegar na frente. Precisa melhorar muito o cruzamento. Ainda bate bem faltas diretas. Eu não crucificaria o rapaz.
    Quanto ao Fransergio pouco vi jogar. Assisti partida brilhante contra o São Paulo, oportunidade em que jogou de líbero.Como volante, nas partidas deste ano, achei ele muito distante da marcação, mal posicionado, fruto quem sabe de um time muito desestruturado. O seu bom passe é uma realidade, mas para passar tem que desarmar. Com um time mais entrosado pode entrar e ganhar o espaço que merece. Grande abraço rubro-negro. Ivan

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