sexta-feira, 23 de agosto de 2013

OURO EM PÓ

Li a seguinte declaração de Mancini no site Furacão.com: “Hoje fomos infelizes no quesito finalização, se tivesse alguém ali dentro [da área] talvez a sorte seria outra”. O “da área” entre parênteses é acréscimo do site. O que significa? Mancini acha que o Atlético precisa de um jogador de área, um Fernandão, um Marcão, um jogador de presença física na sala de jantar, normalmente fixo, algo em extinção no futebol nacional.

A correria em que se transformou o futebol, a necessidade do empenho na marcação, colocou o nove puro em desuso. Hoje são poucos os jogadores de ataque que não tem missões de marcação, de voltar para buscar o jogo, cair pelas laterais do campo, abrir espaço dentro da área, possibilitar a chegada na surpresa de armadores e volantes.

Quem seria um nove puro no atual futebol brasileiro? Fred talvez seja o único, dois minutos com a bola nos pés por jogo, um gol por partida. Leandro Damião, que poderia se caracterizar como exemplo típico, volta para buscar a todo momento, contra o Atlético roubou no meio de campo e fez a assistência para o empate colorado. Mesmo o Fred seleção foi muito mais produtivo que o Fred Fluminense. Seu Felipão quando manda todo mundo corre para atender.

Conheço bem a torcida atleticana. Coloque-se um poste dentro da área e na segunda canelada do infeliz a cuíca vai roncar. Foi assim com Bruno Mineiro, com Fernandão, com Marcão só para citar os mais recentes. Foi assim com Kléber, nosso maior artilheiro depois do Sicupira, perdido um gol, já se ouvia o “Kléber vai pro inferno”.

O Atlético perdeu gols por que nossos atacantes, dentro da área, ou erraram a finalização chutando para fora, ou o ótimo Fernando Prass fez grandes defesas. Eles estavam lá, construíram as jogadas, deram assistências e o gol não saiu. Que fazer?

Buscar Bruno Rangel na Chapecoense, com 31 anos, é jogar na loteria. Como pode dar certo, pode ser um tremendo tiro n’água, atrapalhar um bocado. Jogadores são assim, o Willian de fracos nacionais é o artilheiro do campeonato jogando pela Ponte Preta. O treinador acertou um esquema para ele, as assistências estão acontecendo, e ele está sendo feliz. O Fernandão começou um foguete no Bahia e estacionou nos cinco gols marcados.

Acho que o que funciona no Atlético é o ataque. Contra o Palmeiras fechadíssimo, tivemos cinco ótimas oportunidades para marcar, Dellatorre fez duas assistências excelentes, o time criou muito. O amigo dirá tudo bem, mas gol que é bom nada.

Dirá e é verdade. Aí temos que analisar o contexto do jogo mata-mata. O Atlético saiu atrás, tinha que marcar, o gol ficou pequeno, Prass é um goleiraço, os meninos se preocuparam em colocar demais e lamberam as traves. Quando digo meninos são meninos mesmo, Marcelo, Delatorre e Ederson ainda são muito novos, daí os gols decisivos serem normalmente de Paulo Baier, alguém com anos de rodagem.

O Atlético tem um dos melhores ataques do campeonato, temos que elogiar esses piás todo dia, valorizar, fortalecer o moral, mantê-los, dar a eles tranquilidade para marcar cada vez mais. O problema do Atlético não está na sala de jantar, está na cozinha, há muito tempo. Deixem os piás brincarem em paz, eles são ouro em pó.

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