É preciso tomar cuidado.
No Paranaense, em intervalo de jogo a cabine da RPC obrigava o narrador a usar
guarda-chuva tal a quantidade de goteiras a despejar o líquido celeste sobre os
profissionais da televisão nativa. É bom pagar as cinco araras e comprar aquela
capa esperta, outra arara a saltar do bolso, bem ali na fila de entrada.
Em tempos de berro nas
estradas, voz nas ruas, murmúrio nas alamedas, ao especular sobre a possibilidade
da cobrança seria natural que a diretoria esquecesse o assunto. A decisão mostra
que nossos dirigentes têm confiança absoluta na paixão do rubro-negro, acredita
que pode avançar o sinal sem medo, o torcedor está ciente das necessidades do
clube, vai apoiar.
O meu temor paira sobre
a possibilidade de que o silêncio ouvido no espaço Sócio Furacão seja fruto do
cansaço, da falta de resultados em campo, da ausência de boas notícias que não
sejam aquelas advindas das obras em andamento. Amofinado, preocupado com as
atuações da equipe, o atleticano se mantém na encolha, retarda a associação,
surfa a onda do vamos ver no que é que dá, prefere ver o jogo do confortável
sofá da sala.
É inegável que o grande
motivador no futebol é a qualidade do time, as vitórias, os campeonatos
conquistados. Quando os três pontos rareiam, a massa torcedora se desestimula, fica
em casa, vai ao cinema, sobra para o núcleo fanático segurar a peteca,
normalmente de menor renda, incapaz de pagar os altos valores cobrados.
Acontece que a situação
obriga a ida do torcedor ao campo. O time é uma incógnita, trabalha como
operário de obra, mas os resultados são tímidos, insuficientes para alcançar o
mínimo objetivo. Sem o grito do torcedor tudo se complica.
O jogo com o Grêmio é o
grande divisor de águas. Ganhou, vamos para o Atletiba com força, um empate
mantém a paz rubro-negra. Perdeu, qualquer resultado negativo contra os coxas
vira o mundo de cabeça para baixo.
É bom que o Delegado,
Nhô Drub e seus atletas estejam cientes do temporal que se arma no horizonte. É
preciso sacudir o torcedor com a força da vitória, tirá-lo do sofá em que se
meteu contrariado. Com chuva ou sem chuva, com torcida ou sem torcida, os três
pontos são indispensáveis, para isso, é bom correr atrás da bola, ir muito além
do simplesmente possível, fazer das tripas coração.
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