quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A BOCA DO FREGUÊS


O Atlético sai da chácara para jogar na fazenda. Sai da amenidade do clima curitibano para o calor e a secura do cerrado. Deixa de jogar contra os últimos classificados para enfrentar o melhor aproveitamento do segundo turno, 13 pontos conquistados contra 11 do rubro-negro. É briga de cachorro grande.

O Goiás está vivíssimo. Na última terça-feira venceu o Criciúma ferido pela sapatada desferida pelo América das alterosas. Ramon fez gol logo aos 3 minutos e o placar poderia ser mais elástico, não fosse Michel Alves goleiro de extraordinárias defesas. O time é rápido, troca jogadores de velocidade por mais velocidade, explora as dimensões do campo com sabedoria, mescla juventude e experiência.

Na sua pequena área lê-se em grandes letras brancas a palavra “IDOSO”. É vaga exclusiva de Harlei, acho que está lá desde a fundação do clube. No ataque tem Iarlei, outro centenário, poupado em alguns jogos, ainda pronto a correr como coelho de desenho animado. 

Os laterais, Vitor, outro sócio fundador, e Egídio, ex-Flamengo, são constantes no ataque. O meia Felipe Amorim, 21 anos, é o puxador de contra-ataques. Saiu vaiado contra o Tigre, chutou o balde, mas joga. O volante Ramon e o armador Ricardo Goulart são os artilheiros esmeraldinos com 7 gols cada.

O Furacão não terá vida fácil.                                         

O básico é não levar o gol de início de partida, tranquilizador do dono da casa e porta aberta para os contragolpes, especialidade goiana.

O bloqueio dos laterais é indispensável. Vitor é bom lançador, entra pelo meio, Egídio é de ousadias, tenta o drible, vai para cima. O avanço do volante Ramon pede policiamento. Quando o cara é o jogador surpresa, acabou a surpresa.

Forçoso se aproveitar do conhecimento que Elias e Marcão têm do adversário e do Serra Dourada. Usar a bola longa de Elias, a velocidade de Marcelo, tendo chance colocar para dentro, deixar o contra-ataque a nosso favor.

Ter posse de bola e trocar passes com acerto para evitar o desgaste físico e botar fogo na cabeça do torcedor goiano são necessidades importantes. Levar um banco de velocistas capaz de virar resultado negativo inicial, medida mais que razoável. Ricardinho deve estar no avião.

Pedir para o amigo secar o Goiás naquele clima desértico é crime contra a humanidade. Será melhor torcer pela perfeita atuação da nossa defesa, pelo bom desempenho tático do meio campo e pela fartura de gols dos últimos jogos.

As derradeiras vitórias foram treinos de luxo para o jogão de sábado. Todo combate é uma luta entre vontades, apetites despertados. Espero que os atleticanos estejam encarando o arroz com pequi com gula adolescente e a maturidade alimentar do idoso. Não tomados os devidos cuidados, os espinhos do pequi arrebentam a boca do freguês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário