quarta-feira, 13 de junho de 2012

CHUTEIRAS DA GENEROSIDADE



Caiu Don Juan, assumiu nhô Ricardo. A rapidez da apresentação do novo treinador aponta para decisão tomada já há algum tempo e para a linha que norteia toda a formação do Atlético de Petraglia, a linha da economia, o baixo custo em primeiro lugar.

Rubro-negros sempre otimistas correm a apresentar nomes como Vadão, o criador do carrossel caipira, que chegou ao Atlético em início de carreira e ganhou nome comandando o Furacão. Querem dar esperança ao povo de Paranaguá.

Para os mais velhos, nada de novo. Nunca tivemos um treinador de primeira linha, de Givanildo a Miór, passando por tantas promessas, fomos batendo cabeça, sempre voltando para Antônio Lopes, Geninho, os eternos salva-Pátrias, até o dia em que a casa caiu. Estamos apenas cumprindo nosso destino cruel. 

Outros dirão que quando contratamos alguém conhecido, como Adilson Batista e Renato Gaúcho, foi muito pior. Adilson Batista é um engano absoluto, não conta, Renato Gaúcho pediu para sair, inexistia qualquer possibilidade de sucesso pelo mesmo motivo que hoje nos leva ao prezado Ricardo, a economia, impossível gastar mais, tanto já fora gasto com inutilidades.

Não conheço o senhor Ricardo Drubscky, conheço o irmão. Um pelo outro, creio que o Atlético pode esperar honestidade, dedicação e trabalho. Nos dias de hoje, é muito. No futebol, dependendo do grupo envolvido, pode valer muito pouco.

Nhô Ricardo vai enfrentar uma dureza tremenda. Em princípio jogará uma segunda divisão fora de casa, toda ela, tem um elenco onde o improviso é a tônica na defesa, um departamento de futebol sem recursos que garimpa reforços com a principal competição em andamento, 90% da torcida contrária à sua contratação, alguns jogadores impedidos de jogar pela diretoria, segundo as palavras do demitido Omar Garate. Mais, a partir de domingo, tem que ganhar tudo. Não dá mais para comer pelas beiradas. Já estamos atrás do Paraná.

Depois de teclar o parágrafo, estudando a missão do novo treinador, acho-o no mínimo homem de coragem, e absolvo todos aqueles que, se convocados para o seu cumprimento, dela fugiram como o diabo foge da cruz.

O atleticano tem obrigação de entender a dividida brutal em que se meteu nhô Ricardo, o mineirinho corajoso. Tem que ajudar. Na conjuntura em que nos encontramos é o único sem culpa no cartório.

Seu Petraglia deve entender que quem dá a missão dá os meios, tem que contratar no mínimo uns quatro ótimos jogadores, com comprovada experiência. Vai ter que abrir a mão, se não quiser trocar treinador de dois em dois meses, repetindo seu antecessor.

No fundo voltamos à velha dúvida que nos maltrata, tijolo ou chuteira? Se não der chuteira, o treinador desassombrado merece pelo menos uns ki-chutes.

Ao nhô Ricardo sem medo meus votos de boa sorte.  Que por alguns minutos São Petraglia olhe por ele, tire aquele capacete de mestre de obras e calce as chuteiras da generosidade.

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