Angustiado com o Atletiba que se
aproxima, fui consultar minha vidente preferida, madame Rosa Regina. Madame RR
é daquelas que tudo sabe, tudo vê, lê as linhas da mão como cigana adornada com
pendentes brincos de ouro, trafega entre as cartas do tarô com a habilidade de
mago centenário, afasta as brumas, enxerga o futuro claro na bola de cristal
como se a carcomida esfera disponível fosse TV de plasma da melhor qualidade.
Cliente antigo, consegui brecha na sua
agenda lotada de consulentes e sai em disparada, o coração aos pulos para saber
o resultado do jogão de domingo. Pisquei o olho para a secretária, procurei uma
cadeira vazia e aguardei na sala de espera plena de indagações. Ouvia-se o
barulho de pequenas peças caindo sobre mesa que eu conhecia bem, búzios sendo
lançados, o som murmurado das projeções de Madame RR.
Beijinhos na porta e a cliente se foi.
Fui chamado. Ai... Ai... Ai... Entrei e... ela leu meus pensamentos: “Já sei,
quer saber o resultado do jogo”. Era o óbvio, até aí nada de sobrenatural
pensei eu. “Sente-se e concentre-se”, comandou. Olhou para a mesa onde os
búzios restavam ainda lançados aleatoriamente, passou a vista pelo tarô
guardado em caixa de madrepérola, pela bola de cristal escondida sob a mais pura
seda indiana, relutou entre os três e escolheu a bola.
Tirou a seda que encobria a dona do
destino, pousou as mãos sobre as minhas, fechou os olhos, pareceu ter tomado um
choque, e quando os abriu novamente estava na Magnífica, assistindo ao
espetáculo ainda por acontecer. “Que time é esse que tem um gordinho que parece
um capeta?” perguntou. “É o Furacão Madame”, respondi ansioso. “Pois então o
Furacão vai ganhar, esse gordinho vai fazer a festa”. Amigo, confie em mim, Madame
RR não erra.
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