quinta-feira, 28 de abril de 2016

MADAME RR NÃO ERRA

Angustiado com o Atletiba que se aproxima, fui consultar minha vidente preferida, madame Rosa Regina. Madame RR é daquelas que tudo sabe, tudo vê, lê as linhas da mão como cigana adornada com pendentes brincos de ouro, trafega entre as cartas do tarô com a habilidade de mago centenário, afasta as brumas, enxerga o futuro claro na bola de cristal como se a carcomida esfera disponível fosse TV de plasma da melhor qualidade.

Cliente antigo, consegui brecha na sua agenda lotada de consulentes e sai em disparada, o coração aos pulos para saber o resultado do jogão de domingo. Pisquei o olho para a secretária, procurei uma cadeira vazia e aguardei na sala de espera plena de indagações. Ouvia-se o barulho de pequenas peças caindo sobre mesa que eu conhecia bem, búzios sendo lançados, o som murmurado das projeções de Madame RR.

Beijinhos na porta e a cliente se foi. Fui chamado. Ai... Ai... Ai... Entrei e... ela leu meus pensamentos: “Já sei, quer saber o resultado do jogo”. Era o óbvio, até aí nada de sobrenatural pensei eu. “Sente-se e concentre-se”, comandou. Olhou para a mesa onde os búzios restavam ainda lançados aleatoriamente, passou a vista pelo tarô guardado em caixa de madrepérola, pela bola de cristal escondida sob a mais pura seda indiana, relutou entre os três e escolheu a bola.

Tirou a seda que encobria a dona do destino, pousou as mãos sobre as minhas, fechou os olhos, pareceu ter tomado um choque, e quando os abriu novamente estava na Magnífica, assistindo ao espetáculo ainda por acontecer. “Que time é esse que tem um gordinho que parece um capeta?” perguntou. “É o Furacão Madame”, respondi ansioso. “Pois então o Furacão vai ganhar, esse gordinho vai fazer a festa”. Amigo, confie em mim, Madame RR não erra.

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