sábado, 4 de junho de 2016

NADA MAIS JUSTO

A sorte do futebol nacional é que Pelé e companhia jogaram na época em que os treinadores não tinham a importância dos professores de hoje. Craques reconhecidos tinham liberdade para jogar, driblar, avançar na direção do gol como flechas, fazer as travessuras que lhes davam na telha, normalmente terminadas com a bola na rede. Hoje, nossos fenômenos seriam obrigados a tocar a bola de lado, fazê-la circular pelo ataque todo, tentado o drible, perdida a gorduchinha, seriam substituídos de imediato, acusados de irresponsabilidade. Garrincha não passaria da peneirada.

 A atual prevalência do treinador é cômoda para muitos jogadores. Cumpre-se o determinado, o que convenhamos é o beabá do futebol, passar cinco metros, evitar o contato, próxima a marcação o passe para trás, para o goleiro, um lançamento pouco mais longo para virar o jogo. Tudo muito simples, fácil, acontecido o desarme cada um bate em retirada para seu escaninho na defesa, a tal recomposição tão desejada. Tudo cumprido à risca, os resultados não acontecendo, cai o professor, nada mais justo. Seu Kleina que o diga.

A situação é tiro fatal na iniciativa. Aquele que arrisque movimentar-se pelo ataque, entrar na diagonal, forçar a jogada pelo meio corre o risco de ser chamado de peladeiro, melhor guardar posição, participar do toque-toque como manda o figurino. Por isso, Nikão que não se meta a Robben, entrar na diagonal nem pensar, Ewandro que não se meta a Ribéry, Otávio que não se meta a Busquets, afinal, Jadson, o último a tentar aproximar-se do ataque, deu o passe para nosso primeiro gol contra o Coxa na final no “quebradinho”, já foi embora. Hoje jogamos contra o Santinha. Temos que ganhar. É bom liberar os cavalinhos, outro resultado ruim e o tempo pode mudar. Nada mais justo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário