A sorte do futebol nacional é que Pelé
e companhia jogaram na época em que os treinadores não tinham a importância dos
professores de hoje. Craques reconhecidos tinham liberdade para jogar, driblar,
avançar na direção do gol como flechas, fazer as travessuras que lhes davam na
telha, normalmente terminadas com a bola na rede. Hoje, nossos fenômenos seriam
obrigados a tocar a bola de lado, fazê-la circular pelo ataque todo, tentado o
drible, perdida a gorduchinha, seriam substituídos de imediato, acusados de
irresponsabilidade. Garrincha não passaria da peneirada.
A atual prevalência do treinador é cômoda para
muitos jogadores. Cumpre-se o determinado, o que convenhamos é o beabá do
futebol, passar cinco metros, evitar o contato, próxima a marcação o passe para
trás, para o goleiro, um lançamento pouco mais longo para virar o jogo. Tudo
muito simples, fácil, acontecido o desarme cada um bate em retirada para seu
escaninho na defesa, a tal recomposição tão desejada. Tudo cumprido à risca, os
resultados não acontecendo, cai o professor, nada mais justo. Seu Kleina que o
diga.
A situação é tiro fatal na iniciativa.
Aquele que arrisque movimentar-se pelo ataque, entrar na diagonal, forçar a
jogada pelo meio corre o risco de ser chamado de peladeiro, melhor guardar
posição, participar do toque-toque como manda o figurino. Por isso, Nikão que
não se meta a Robben, entrar na diagonal nem pensar, Ewandro que não se meta a
Ribéry, Otávio que não se meta a Busquets, afinal, Jadson, o último a tentar
aproximar-se do ataque, deu o passe para nosso primeiro gol contra o Coxa na
final no “quebradinho”, já foi embora. Hoje jogamos contra o Santinha. Temos
que ganhar. É bom liberar os cavalinhos, outro resultado ruim e o tempo pode
mudar. Nada mais justo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário