quarta-feira, 24 de outubro de 2012

BOTA PONTA NHÔ DRUB


Velho é um bicho sofrido, leva no coração os bons momentos do passado, carrega no peito sombras desalentadoras. Em 2001, nas bocas das finais, precisando vencer, o Atlético perdia para o Guarani até os últimos minutos, empatou com gol de Rogério Correia. Um timaço, o futuro campeão brasileiro, esbarrando no bugre campineiro. Antes do jogo de ontem, contrário à euforia da torcida, era só do que eu lembrava.

O empate terrível confirmou meus sobressaltos. Não fosse a decadência do São Caetano, teríamos passado a noite fora do G4.

O Atlético foi o Atlético de tantos jogos estéreis. Quantas defesas fez o goleiro bugrino? Não mais que cinco. Eu diria quatro. Importantes? Uma, no chute de fora de João Paulo. O belíssimo arremate de Marcelo, indefensável, foi o gol Rubro-negro.

O mau rendimento pode ser creditado a um milhão de fatores. O time fez um jogo de vida ou morte no sábado, o gramado estava pesado, choveu o tempo todo, prejudicou o toque-toque, o Guarani foi defensivo os noventa minutos. Quem desejar aumentar o rol de dificuldades é só pegar a caneta.

Culpar céus e terras não leva a nada. Vou repetir, o Atlético foi mal, insistiu no jogo de cruzamentos laterais, que, bem sabemos, tem rendimento baixíssimo para o nosso caso. O amigo vai dizer, quando todo mundo quer jogada pelo lado, o Ivan é o único no mundo a botar defeito. É compreensível.

O Atlético fez, no mínimo, 25 cruzamentos sobre a área, um a cada 4 minutos. Dessa chuva nada resultou produtivo. Um cabeceio perigoso de Marcão, aos 30 do primeiro, após raspadinha de Marcelo em escanteio, foi o ápice desse bombardeio. É fácil entender, seis defensores tem tranquila superioridade aérea sobre um, dois atacantes.

As assistências pelo lado têm acontecido quando o atleticano penetra na área, obriga o movimento das coberturas e o atacante aparece livre. Assim aconteceu de Marcão para Marcelo, de Marcelo para Marcão. Entrar na área é fundamental.

O drible é fundamental. Onde estão os nossos dribladores. Descansando no Caju. Taiberson deve fazer treinamentos maravilhosos, é indiscutível promessa, mas não é jogador de lado de campo. Saci cai para o meio a todo instante, Marcelo já canta o hino com marcação. Sem ponta, sem alguém que drible, vamos para o chuveirinho, esperar que no bate-rebate sobre uma bola salvadora, um chute milagroso de João Paulo.

O Atlético sofre por que quer, tem elenco para resolver todas as situações. De todos os problemas enfrentados pelo Furacão, o juiz certamente não foi um deles. Ao final da pelada, estava lá o seu Petraglia argumentando com o “carecone”. Eu compreendo. Devia chamar o treinador no canto e falar: bota ponta Nhô Drub.

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