Velho é um bicho sofrido, leva no
coração os bons momentos do passado, carrega no peito sombras desalentadoras.
Em 2001, nas bocas das finais, precisando vencer, o Atlético perdia para o
Guarani até os últimos minutos, empatou com gol de Rogério Correia. Um timaço,
o futuro campeão brasileiro, esbarrando no bugre campineiro. Antes do jogo de
ontem, contrário à euforia da torcida, era só do que eu lembrava.
O empate terrível confirmou meus
sobressaltos. Não fosse a decadência do São Caetano, teríamos passado a noite
fora do G4.
O Atlético foi o Atlético de tantos
jogos estéreis. Quantas defesas fez o goleiro bugrino? Não mais que cinco. Eu
diria quatro. Importantes? Uma, no chute de fora de João Paulo. O belíssimo
arremate de Marcelo, indefensável, foi o gol Rubro-negro.
O mau rendimento pode ser creditado a
um milhão de fatores. O time fez um jogo de vida ou morte no sábado, o gramado
estava pesado, choveu o tempo todo, prejudicou o toque-toque, o Guarani foi defensivo
os noventa minutos. Quem desejar aumentar o rol de dificuldades é só pegar a
caneta.
Culpar céus e terras não leva a nada.
Vou repetir, o Atlético foi mal, insistiu no jogo de cruzamentos laterais, que,
bem sabemos, tem rendimento baixíssimo para o nosso caso. O amigo vai dizer,
quando todo mundo quer jogada pelo lado, o Ivan é o único no mundo a botar
defeito. É compreensível.
O Atlético fez, no mínimo, 25
cruzamentos sobre a área, um a cada 4 minutos. Dessa chuva nada resultou
produtivo. Um cabeceio perigoso de Marcão, aos 30 do primeiro, após raspadinha
de Marcelo em escanteio, foi o ápice desse bombardeio. É fácil entender, seis defensores
tem tranquila superioridade aérea sobre um, dois atacantes.
As assistências pelo lado têm
acontecido quando o atleticano penetra na área, obriga o movimento das
coberturas e o atacante aparece livre. Assim aconteceu de Marcão para Marcelo,
de Marcelo para Marcão. Entrar na área é fundamental.
O drible é fundamental. Onde estão os
nossos dribladores. Descansando no Caju. Taiberson deve fazer treinamentos
maravilhosos, é indiscutível promessa, mas não é jogador de lado de campo. Saci
cai para o meio a todo instante, Marcelo já canta o hino com marcação. Sem
ponta, sem alguém que drible, vamos para o chuveirinho, esperar que no
bate-rebate sobre uma bola salvadora, um chute milagroso de João Paulo.
O Atlético sofre por que quer, tem
elenco para resolver todas as situações. De todos os problemas enfrentados pelo
Furacão, o juiz certamente não foi um deles. Ao final da pelada, estava lá o
seu Petraglia argumentando com o “carecone”. Eu compreendo. Devia chamar o
treinador no canto e falar: bota ponta Nhô Drub.
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