Dono de um lar democrático, contou sua
história à esposa atleticana da melhor qualidade e foi informado do seu destino
cruel. Disse a estupenda rubro-negra, hoje justamente homenageada: “Você é
corajoso mesmo...Se o coxa perder... Vai dormir no canil com a Daphny!!!”. Fico
imaginando o tamanho da nossa lady Daphny e preocupado se haverá lugar para o
amigo no solar no fundo do quintal.
Que o meu guerreiro de tantos
perrengues é corajoso eu sei, e ele sabe que nessas horas é olho no olho. Se
falou com Deivid viu que os olhos do atacante são as janelas da incerteza, os
olhos de quem sabe fazer, porém, não arrasta ninguém ao furacão da batalha. Aí,
o guerreiro sabe, de que adianta?
Se falou com Alex, falou com alguém
mais preocupado do que ele, suas últimas atuações beiram ao deprimente. Alex
desde seu tempo de sub-23 sofria de apagões, foram suas atuações vaga-lume que
o afastaram da seleção, agora parece ter esquecido a bateria em casa, ou algum
moleque lhe tirou o fio da tomada.
Quando leio o trecho “vamos fazer
valer nossa força dentro do Couto”, lembro que pouco tenho falado da nossa
maravilhosa torcida. Torcidas conheço muitas, a grande maioria tocada pelo
time, resultado favorável, os refrões ecoam pelo estádio, as camisas giram no
ar, toda uma corrente positiva entra em funcionamento. Time atrás no placar,
silêncio, resmungos, vaias, discussões.
Esse não é o caso da torcida do
Furacão. Lembro de Atletiba friorento ainda quando o treme-treme se chamava
Belford Duarte, em que os coxas fizeram dois a zero no primeiro tempo e foram
acuados por pouco mais de mil atleticanos insuperáveis nas suas capacidades de
incentivar o time ao ataque, ao empate e à quase vitória nos minutos finais.
Saí daquele jogo orgulhoso. Toda a
tensão imobilizante do mau resultado foi superada e transformada em estímulo
poderoso, a demonstração estupenda emudeceu os alviverdes, foram quarenta e
cinco minutos de emoção rubro-negra no campo e nas arquibancadas. De lá para cá
essa torcida só cresceu em número e em força motivadora.
Vamos precisar de todo esse calor, um
calor de noventa minutos sem titubeios. Preparem-se os tambores, os repiques,
os instrumentos todos. Preparem-se as gargantas, esqueçam-se as ofensas,
gritem-se os nomes, louvem-se os passes de três metros.
Os coxas já estão com a pulga atrás da
orelha. Se conseguirmos configurar o link campo-arquibancada, o império
emudecerá e tudo ficará mais fácil. Vamos torcedor, vamos meninos, uma força
vinda de todos os cantos de Curitiba os acompanhará a cada minuto, suas mães
esperam o presente para o final da tarde, elas merecem.
Antevendo a vitória, fico pensando no
meu menino de ouro, imaginando que todas as chuvas, todas as madrugadas
nevoentas, todos os frios pelos quais passamos irão ajudar. Se a esposa
mantiver sua promessa, hoje ele vai dormir com a Daphny.
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