A culpa foi do meu
coração peludo. Lendo a notícia de que a torcida do Atlético era a quinta mais temida
em pesquisa com jogadores das séries A e B, atrás apenas de Corinthians,
Flamengo, Atlético MG e Grêmio, descubro que a Gralha furiosa aninhou-se junto
às torcidas do Palmeiras, Avaí, Sport e Ceará. Imaginei que se os presidentes
desses clubes se organizassem e fossem em conjunto à Wolkswagen poderiam
conseguir bom desconto na aquisição de Kombis envenenadas para o futebol.
A minha maldade – o
coração peludo jamais fica impune – e a recente e traumática passagem do
Rubro-Negro pelas agruras da segundona conduziram meus pensamentos ao sonho que
não desejo nem aos coritibanos. Por falar nos coxas, nenhum dos entrevistados
citou a torcida do ramo das hortaliças, ficou atrás até das fanáticas torcidas
do São Caetano e Portuguesa.
A conclusão é evidente.
A idosa Bengala Azul do Adalberto Campanella causa mais temor que a imperial
torcida coxa-branca. A conclusão não é maldosa, não é fruto do meu coração
peludo, é estatisticamente verdadeira.
Sem base em qualquer
estatística, apenas animada pelo meu sentimento de torcedor, minha expectativa
para o jogo contra o Flu é cada vez mais otimista.
Botelho, que estreia na
série A, diz de boca cheia: “Temos um time guerreiro que vai buscar seu
espaço... Tivemos uma preparação muito boa e podemos mostrar
que temos condições de chegar bem. Vamos demonstrar que somos um time forte”.
Ederson, outro a estrear na
primeirona, vai na mesma toada: “A equipe do Fluminense é
qualificada, mas estamos trabalhando forte e tratando os treinos como se fossem
jogos para darmos o nosso melhor sempre".
Pela tom da entrevista,
Nhô Drub fez seu dever de casa: "Venho assistindo os jogos dos nossos
adversários desde o início do ano, mapeando e analisando os scouts das equipes.
O Fluminense deve mudar algumas peças do time que jogou ontem [quarta-feira],
na Libertadores, mas estamos bem preparados para tudo que possa ocorrer no
domingo".
O discurso está afinado. Seu
Moracy dos trotes e flexões diz que em termos de preparação física tudo foi
feito, o time está tinindo, esta última semana foi apenas de lapidação. Além de
tudo isso, o Atlético tem história, não é a primeira vez que vai enfrentar o
Flu, Marcelo já fez gol no tricolor no Maracanã quando tinha 17 anos. Tenho que
estar confiante.
Antes de terminar, dou um pulo no
site e vejo o placar do jogo no treme-treme: Coritiba 1 x Naça Mata Tetra 0.
Jogo encerrado. Não deu para o mentalmente forte Alex. O coxa ficou pelo
caminho. Confesso que meu deu dó, afinal, sou uma alma piedosa, meu coração não
é assim tão peludo.
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