Para
vencer, a oposição terá que assegurar claramente o continuísmo e criar novas
fórmulas de derramar recursos, quem sabe o bolsa dentadura – já existe? –, o
bolsa alpercata, o bolsa motel, afinal sexo é direito universal, faz parte da
vida de pobres e ricos. Se vier com aquela história de ensinar a pescar, não
passa do primeiro turno.
Os
clubes de futebol já seguiram esse caminho, financiaram torcidas, deram
ingressos, facilitaram viagens, criaram monstros que até hoje assombram os
centros de treinamento, espalham a violência nos estádios, determinam a
mobilização de centenas de policiais para o atendimento de simples partida de
futebol. O perigo é a criatura fortalecida, com sobrepeso evidente voltar-se
contra o criador.
O
amigo vai dizer que este é um mal espalhado pelo mundo todo, os hooligans
ingleses, arruaceiros no idioma nativo, seriam o melhor exemplo. Na terra da
Baronesa Thatcher, onde não tem lanche grátis, os desordeiros atormentaram o
país e a Europa. Hoje estão sob controle do cassetete do leão britânico.
Acontece
que no Brasil, alimentado o monstro, imaginado o direito, ele se torna cláusula
pétrea, pobre daquele que tentar impor o desmame, de santo carregado em andor
passa a Judas no dia seguinte.
O
coritibano Alex andou traindo a plebe alviverde, botou a boca no trombone
contra a ausência coxa. Disse o tiro certo: “No Atletiba saí triste porque (o
estádio) estava vazio, cabiam mais seis, sete mil. O Couto Pereira tinha que
estar estourando de gente, tinha que estar vazando para o lado de fora porque o
último tetracampeonato foi na década de 70”.
Alex
sabe das coisas, vem de estádios lotados para 80 mil lugares. Só não conseguiu
entender o psicológico da final. O torcedor coxa tremeu, a possibilidade da derrota
existia, ele não estava jogando nada, seria o vexame do século. Este o primeiro
fator. O segundo a insegurança. Anos atrás a torcida do time do seu coração pôs
o treme-treme abaixo quando da queda para a série B. Na dúvida sobre a vitória,
frente à visão recente do quebra-quebra, melhor ver na TV. Os coxas depois de
perderem o primeiro lugar no Estado ficaram perigosos.
No
Atlético o perigo reside na absurda diferença entre suas principais torcidas.
No 3 a 1 magnífico na Boqueixada, em meio à festa irrompe violenta e
incompreensível briga entre
rubro-negros. Uma estupidez sem tamanho, a repetição feroz de fatos
desagradáveis que se tornaram comuns dentro da própria Arena. O Campeonato
Brasileiro está aí, os chefes de torcida tem que conversar, afastar os energúmenos
de seus quadros, inútil desfraldar a bandeira da união se idiotas se
engalfinham sob seus olhares.
Não
sou contra as organizadas, acho que fazem parte da beleza do espetáculo futebol
brasileiro. Entretanto, o controle externo de incumbência policial deve ser
ligado ao interno de competência dos chefes de torcida. São responsabilidades
que se somam, intimamente interligadas.
Voltando
ao Alex, é bom alguém dizer ao camisa 10 que seu povo não é tão grande quanto
ele imagina. O campo de que ele fala só bombou mesmo uma vez, e foi com a
torcida do Atlético.
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