terça-feira, 21 de maio de 2013

A TORCIDA DO ATLÉTICO

As imagens da depredação de bancos pelo nordeste são de arrepiar. Assustados com a possibilidade do fim do repasse dos recursos do Bolsa Família multidões correram para as agências bancárias e detonaram o que viram pela frente. A imagem nigeriana mostra claramente a força política da doação escancarada, basta um sussurro que o adversário vai acabar com a leiteria e a eleição estará ganha.

Para vencer, a oposição terá que assegurar claramente o continuísmo e criar novas fórmulas de derramar recursos, quem sabe o bolsa dentadura – já existe? –, o bolsa alpercata, o bolsa motel, afinal sexo é direito universal, faz parte da vida de pobres e ricos. Se vier com aquela história de ensinar a pescar, não passa do primeiro turno.

Os clubes de futebol já seguiram esse caminho, financiaram torcidas, deram ingressos, facilitaram viagens, criaram monstros que até hoje assombram os centros de treinamento, espalham a violência nos estádios, determinam a mobilização de centenas de policiais para o atendimento de simples partida de futebol. O perigo é a criatura fortalecida, com sobrepeso evidente voltar-se contra o criador.

O amigo vai dizer que este é um mal espalhado pelo mundo todo, os hooligans ingleses, arruaceiros no idioma nativo, seriam o melhor exemplo. Na terra da Baronesa Thatcher, onde não tem lanche grátis, os desordeiros atormentaram o país e a Europa. Hoje estão sob controle do cassetete do leão britânico. 

Acontece que no Brasil, alimentado o monstro, imaginado o direito, ele se torna cláusula pétrea, pobre daquele que tentar impor o desmame, de santo carregado em andor passa a Judas no dia seguinte.

O coritibano Alex andou traindo a plebe alviverde, botou a boca no trombone contra a ausência coxa. Disse o tiro certo: “No Atletiba saí triste porque (o estádio) estava vazio, cabiam mais seis, sete mil. O Couto Pereira tinha que estar estourando de gente, tinha que estar vazando para o lado de fora porque o último tetracampeonato foi na década de 70”.

Alex sabe das coisas, vem de estádios lotados para 80 mil lugares. Só não conseguiu entender o psicológico da final. O torcedor coxa tremeu, a possibilidade da derrota existia, ele não estava jogando nada, seria o vexame do século. Este o primeiro fator. O segundo a insegurança. Anos atrás a torcida do time do seu coração pôs o treme-treme abaixo quando da queda para a série B. Na dúvida sobre a vitória, frente à visão recente do quebra-quebra, melhor ver na TV. Os coxas depois de perderem o primeiro lugar no Estado ficaram perigosos.

No Atlético o perigo reside na absurda diferença entre suas principais torcidas. No 3 a 1 magnífico na Boqueixada, em meio à festa irrompe violenta e incompreensível  briga entre rubro-negros. Uma estupidez sem tamanho, a repetição feroz de fatos desagradáveis que se tornaram comuns dentro da própria Arena. O Campeonato Brasileiro está aí, os chefes de torcida tem que conversar, afastar os energúmenos de seus quadros, inútil desfraldar a bandeira da união se idiotas se engalfinham sob seus olhares.

Não sou contra as organizadas, acho que fazem parte da beleza do espetáculo futebol brasileiro. Entretanto, o controle externo de incumbência policial deve ser ligado ao interno de competência dos chefes de torcida. São responsabilidades que se somam, intimamente interligadas.

Voltando ao Alex, é bom alguém dizer ao camisa 10 que seu povo não é tão grande quanto ele imagina. O campo de que ele fala só bombou mesmo uma vez, e foi com a torcida do Atlético. 

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