quarta-feira, 29 de maio de 2013

A PENA DE MORTE

Hoje o Furacão vai tentar caçar a Raposa, fazer o bichinho simpático voar pelos ares, conquistar os três pontos tão necessários nesta fase do Brasileiro anterior à Copa das Confederações. Ontem, o amigo ensimesmado com o resultado em Macaé circulava pela casa inspecionando o tempo pela janela, na terrível dúvida do vou, não vou?

Levantou hoje com a claridade entrando pelas frestas da persiana, espiou a manhã curitibana e descobriu o dia lindo. Decidido como um César às margens do Rubicão disparou confiante: Eu vou!

Deve ir. Além da necessidade do apoio, o atleticano poderá ver um Furacão que pelo menos tenta ser moderno. O time que jogou em Macaé mostrou qualidades, o longo período de treinamento deixou marcas positivas.

Diminuindo a distância entre a primeira linha de defesa e a posição dos atacantes, o time joga compacto, os jogadores próximos têm facilidade para a troca de passes, a movimentação constante desorienta a defesa adversária, as finalizações acontecem, tudo conforme o manual da modernidade, sem desprezar o drible, a jogada individual.

Aquele que desejar carimbar o Atlético com um esquema tradicional tipo 4-4-2 terá dificuldades, tantos e tão inesperados são os deslocamentos dos rubro-negros. O ataque me fez lembrar o movimento browniano das partículas em choque que aprendi lá na minha juventude. Tudo se move, muda de direção, se choca, mas não lembra o caos do fenômeno físico, tem um objetivo, a finalização sobre o gol adversário. O ataque é boa surpresa.

Infelizmente, impossível atacar os noventa minutos. O adversário joga, ataca, tem pretensões. Então, a compactação observada lá frente tem que acontecer também atrás da linha do meio de campo. Aí o movimento browniano não funciona. A defesa é o lugar de guardar posições, cuidar das coberturas, virou buscapé, saiu da quarta zaga para marcar na lateral, a brecha se abre, todo o sistema fica comprometido.

Ter liberdade no ataque é fácil, ter disciplina na defesa é complicado, até por que o bom do jogo é atacar, dá uma vontade danada de ir lá na frente tentar um golzinho.  Resistir à tentação de ser herói e humildemente cumprir a servil missão de proteger é função para os 300 de Esparta.

Aí é que o bicho pega no Furacão. Nossa defesa não consegue recompor as duas linhas de quatro com rapidez e de forma organizada. Os defensores se cruzam dentro da área, o zagueiro é visto na lateral, o lateral ficou lá na frente, o central avançou demais, o socorro tarda, o atacante aparece livre na cara do gol, olha o gol, gol que obriga a atacar mais, se expor ainda mais. É um círculo vicioso.

Eu diria que o Furacão está com meio caminho andado, o ataque funciona, vai fazer gols, falta acertar a defesa. Estou certo de que Nhô Drub sabe como resolver o problema, transformar nossos defensores em soldados do rei, calmos, decididos, disciplinados, fortes mentalmente, conscientes de que salvar um gol vale tanto quanto o ato do comemorado artilheiro.

Para dar certo, ficar 100% moderno, virar time com jeito internacional, o valor que Nhô Drub tem que cobrar é a disciplina tática. No Brasil varonil dos craques que tudo sabem, tudo resolvem, é quase como impor a pena de morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário