quinta-feira, 30 de maio de 2013

O CONSERTO É PARA ONTEM

Foram quatro minutos de dificuldades na saída de bola e o jogo ficou bom para o Furacão. Mesmo saindo para o ataque com a bola longa, o Atlético conseguiu o domínio, manter a iniciativa, trocar passes no gramado em péssimo estado, movimentar seus atacantes, criar oportunidades de gol.

Com João Paulo avançado, vértice de todas as jogadas, e Deivid recuado, a segurança da defesa, o Atlético caminhava bem. O Cruzeiro pouco incomodava, com os laterais bloqueados forçava as jogadas individuais em busca das faltas nas proximidades da área.

O domínio pouco demorou a dar lucro. Felipe tocou para o meio da área e encontrou Botelho livre na marca do pênalti. O chute com a perna ruim colocou a bola na rede. No meu cebola, 7 minutos. Agora é ter calma, manter a posse de bola, forçar pela direita, o lado escolhido por Nhô Drub para atacar.

Assim foi e, aos 28, Manoel fez seu segundo gol no Brasileiro. Falta batida por João Paulo, o capitão completou de cabeça. Se já estava bom, com dois a zero era só segurar na defesa, continuar assustando no ataque. 

Tudo ia bem quando aos 43, em escanteio pela esquerda, a bola pipocou dentro da área, Dedé tocou fraco e ela foi irritante para o fundo do gol. Que hora! Podíamos ter seguido para o vestiário com placar ótimo. Não deu. O gol fortaleceria o ânimo da Raposa, a motivação para o segundo tempo fora conseguida em campo, Marcelo Oliveira poderia economizar sua prosa.

Sai a bola, o recuo para o zagueiro, o lançamento longo, Manoel divide o cabeceio, a irritante se oferece entre Cleberson e Derlei, um atrapalho, a danada sobra para Luan fuzilar no canto. Quatorze segundos e o jogo estava empatado. Todo o esforço, todo o bom futebol de 43 minutos foram inúteis. 

A partir do gol foram seis minutos de horror, o Cruzeiro andou para virar, o desequilíbrio só acabou com o cabeceio de Borges livre nas mãos de Weverton.

Os técnicos trabalharam. Douglas Coutinho entrou no lugar de Everton, Ricardo Goulart substituiu Borges contundido. A partir daí o jogo ficou aberto, mais para pelada em campo ruim, os dois times perderam gols, cansaram, a sorte em um lance isolado poderia ter dado a vitória a qualquer das equipes.

Nhô Drub ainda tiraria Éderson para colocar Marcelo pela direita, compondo o ataque com Marcão pelo meio e Coutinho pela esquerda. Neste momento, Felipe já estava agonizante, João Paulo enfiado entre os zagueiros, mesmo assim, aos 28, Felipe passou a Marcelo aberto na entrada da área, o papa-léguas bateu forte, Fábio defendeu, no rebote Marcelo finalizou novamente sobre a barreira humana, um passe para companheiro livre e a vitória poderia ter acontecido.

A fome é problema do ataque atleticano. Éderson chuta todas que caem em seus pés, Marcelo poderia ter passado. O jogo é coletivo, como diria Neném Prancha, “quem pede tem preferência, quem se desloca recebe”, e eu acrescento, quem livre suplica na frente do gol tem que receber. O grupo está acima do jogador.

O Atlético tomou dois gols em dois minutos contra o América de Natal, dois contra os reservas do Flu, dois contra a Raposa, um deles relâmpago. A média é alta. Definitivamente, a fome na sala de jantar atrapalha, mas o problema real está na cozinha. Tudo tem conserto. Necessário é entender que o período dos jogos-treino acabou, agora valem três pontos, o conserto é para ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário