quinta-feira, 16 de maio de 2013

BONS CONSELHOS

Saio de casa ali pelas seis da tarde, o congestionamento no pico e ligo o rádio na esperança de saber alguma notícia do meu Furacão. O amigo sabe que eu não gosto de rádio, ainda mais quando se trata de futebol, de futebol paranaense então evito o que posso, mas entre o cara empacado com o celular no ouvido, a serpente que corta para a direita, volta para a esquerda, e vou me surpreender com ela de novo ao meu lado no próximo sinal, dou uma chance à amplitude modulada da província, vai lá descubro um tema para escrever.

Vou dar um salto e chegar logo no aniversário do Matheus, seis anos, neto de rubro-negro de fé, filho de coxa, sabe o Senhor no que vai dar. Vai dar um grande homem, um homem de bem, isso é o que interessa. Lá encontro pai paranista que me aponta uma menina linda, sua filha, diz ele atleticana de quatro costados, puxou pela mãe, olha a mãe fazendo bem o seu trabalho.

Passo de imediato ao meu caloroso abraço rubro-negro, pergunto a ela sobre a final do campeonato e ouço a resposta maravilhosa: “Deixa para eles o ruralzão, é a Champions League deles.” Descubro que a menina não é só linda, é inteligente, tem bom humor, sabe dar a volta nas pequenas dificuldades, outra fadada ao sucesso. A torcida feminina mais bonita do Brasil não para de crescer.

Voltemos ao rádio. Alguém advoga a convocação de Ronaldinho Gaúcho para a seleção, justifica com Zé Roberto, fala do craque da década de setenta que saía das noitadas direto para o campo para decidir partidas. Desligo o rádio. “Já?”, pergunta a esposa. Balanço a cabeça negativamente e permaneço em silêncio.

Zé Roberto foi um craque. O amigo sabe onde foi parar? Quantas vezes serviu à seleção? Em que grande clube brasileiro jogou? Em quantos documentários sobre o fantástico futebol dos anos setenta apareceu? Quando parou? Por quem é lembrado?

Zé Roberto fez carreira no Coritiba e acabou no Atlético vítima de contusões. É um exemplo de raro talento natural e só. Ficou na história apenas pela capacidade de conseguir sair da noite para o campo e decidir. É um exemplo do que não fazer, a não ser seguido em momento algum.

Só falta candidato a craque ainda nas categorias de base ouvir e achar que pode beber todas, com algum talento vai ganhar a vida em futebol exigente de preparo físico exemplar, 12 quilômetros a correr por partida. Meus irmãos, tem idade para se aposentar, vive de saudades, tem dificuldade para entender os novos tempos, se aposenta, vai fazer palavras cruzadas, viajar, cuidar da saúde, fazer um curso de crochê.

Por falar em base, Santos, Léo, Rafael Zuchi, Marcos Guilherme, Zezinho, Crislan e Douglas Coutinho foram integrados ao grupo do time principal rubro-negro. O meu preferido, Hernani, viajou com o Hurricane International Super-23 em sua Euro Tour 2013. Hernani deve falar alemão, quem sabe holandês, vai ajudar como intérprete na excursão, inexiste outro motivo para o menino não estar disputando posição com Deivid, outra fera da base.

Para Hernani eu repetiria a frase dessa mocidade criativa que ouvi e gostei: “No fim tudo acaba bem, se ainda não acabou é por que o fim ainda não chegou”. Vamos menino, olho na bola, ouvido nos bons conselhos.

 

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