O Furacão pode minorar esse sofrimento, dar uma tamancada no português e diminuir uma vaga para os seus amores, colocar o Vasco para ninar na zona do rebaixamento. Pelo que vi no noticiário vascaíno, a queda não seria o pior dos desastres para os cruzmaltinos e brasileiros. Eurico Miranda anda se assanhando para voltar à colina. Tem desgraça maior? Impossível.
No timão da nau vascaína está velho conhecido, já nos encaminhou para o abismo em 2011, nada mais, nada menos que o capitão Adilson Batista. Sem rumo desde que saiu do Cruzeiro, Batista tem boa campanha no Vasco, ganhou três, empatou duas, perdeu uma. Alguma coisa fez que deu certo. Antes do jogo com o Náutico afastou cinco por falta de comprometimento. O comandante anda com o coração mais peludo que o dos inimigos do pirata Jack Sparrow.
Vem para Joinville sem seu pior marinheiro, o terrível Guiñazu, afastado por amarelos. Nada o intimida, avisa que “vai atacar, buscar o gol, mas sem loucura”. Seu artilheiro Edmilson avança que a partida é de “erro zero”. O Vasco vem para correr noventa minutos, arriscar o gol na falha atleticana e segurar na defesa, como fez no jogo dos olhares pecaminosos e leituras labiais indecorosas em que venceu a Raposa por dois a um.
Assisti ao jogo, o Cruzeiro lutou por melhor resultado, usou de todos os seus talentos, mas o dois a zero sofrido enquanto ressonava em campo foi impossível superar. A partida é exemplar para o Atlético. É cópia carioca da nossa derrota para o Criciúma. O início sonolento, as falhas transformadas em gols, a recuperação impossível.
Vejo nossos Pitágoras afirmando que o empate nos coloca na Libertadores. O empate é resultado perigosíssimo, estávamos bem contra o Santos, esse empate de que falam assegurado, vem a bola nas costas, a defesa espera o quinto zagueiro assistente cortar o lance, ele não corta, gol, fim da pelada.
Mancini tem que montar o time para a vitória, ganhar o jogo no primeiro tempo, acabar com o moral do navegante, conquistar a vaga. O Atlético fez campanha elogiada por coxas e paranistas, tem que terminar o ano com partida que dignifique todo o seu trabalho, uma nota dez na prova final. A torcida tem que ir, soprar as velas rubro-negras com vigor, aplaudir de pé o fim da bela viagem.
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