quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PREPARA PARA PULAR

Tirei o dia para passear com minha camisa jogadeira, ouvir os gritos dos atleticanos passando em seus carros, as buzinas imitando o hino, entrar na loja de produtos naturais, sentir o natural desconforto de seu dono, um coxa rápido em fazer o troco, os olhos baixos como se meu colorido impactante estivesse próximo do invisível.

Fiz minha entrada triunfal no supermercado, polegares erguidos, sorrisos confiantes por todos os lados, o menino especial pede um gol logo no começo, um senhor mais do que simpático avança o placar, segundo ele dois a dois, eu sapeco um excelente como resposta.

Vou ao a quilo e não me incomodo com a menina catando alface por alface, com a mãe convencendo o menino a comer berinjela, com o engravatado gastando todo o azeite na sua salada mediterrânea, com a velhinha hipnotizada entre a maminha na mostarda e o peixe grelhado. Hoje nada me incomoda.

Quero estar ali de outdoor, mostrando meu orgulho, procuro o coxa que todo dia está vestido de begônia e o encontro no escanteio, metido num pretinho básico, comendo de frente para a parede. A menina me diz, “hoje não deu, mas amanhã eu venho com a minha camisa”, e eu recomendo, “não esqueça a faixa”.

Chego em casa e o telefone toca, é o amigo convidando para o almoço de fim de ano, incrédulo com a minha presença em Curitiba. Digo que não deu, a cirurgia de catarata, que fiz para ver o Furacão campeão no melhor do seu colorido, pede repouso, vou ver pela TV, pronto para ir à janela gritaaaaaaar campeão.

Curitiba está tensa, as flores de campo secam, é pouco em relação a botafoguenses, vascaínos, tricolores e corinthianos gritando “Atlllééético! Atlllééético!”. Confortado por tanto apoio, estou relaxado dentro da minha camisa só se veste por amor.

Os foguetes espocam aqui e ali, é a festa em preparação. Quem não marchou sempre cantando o hino do Furacão, prepara o ambiente, bota a bandeira na janela, acende a vela para o santo, prepara os salgadinhos, a cerveja, o refri para os noventa minutos de encantamento, agarrado às glórias do passado, pronto para comemorar o especial feito do presente.

É rubro-negro de todos os matizes, de todos os quadrantes, fora de campo, dentro de campo, só por que conheço o teu valor, só por que sou um orgulhoso rubro-negro de fé, te digo de coração, prepara para pular.

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