sexta-feira, 8 de novembro de 2013

TOMA GAÚCHO TOSCO

Fui dormir quarta-feira com as imagens da especial chegada à final obtida com o empate contra o Grêmio imortal, mas nem tanto, nem com os 40 mil bombachudos que lotaram o belíssimo palco da nossa vitória e terminaram em lágrimas de catarata, tantas que o Guaíba inundou algumas das populações ribeirinhas da capital da gaúcha, um desastre futeambiental.

Levantei ontem preocupado em dar solução à minha catarata, esqueci os amigos e fui ao oftalmologista, tenho que estar com a minha visão a mil para assistir a grande final na Vila Caldeirão, o dia da taça, sim, todos nós atleticanos de fé sabemos que taça se ganha em casa, o passeio à toca adversária serve apenas para confirmar o pacote, receber o troféu com visibilidade mundial. Ganhei o dia entre exames, luzes e cores.

O ritual de passagem não foi o mamão com açúcar que eu imaginava, foi mamão com mel, o mel de abelhas atenienses que adoçava os sucos e manjares dos deuses do Olimpo, salpicado por pimentas santificadas para ressaltar ainda mais o sabor delicioso.

Mancini armou um Furacão defensivo que bloqueou todas as opções do time do seu Renato. Marcelo pela direita bloqueou Alex Telles, Baier fez a sombra na saída de bola, Éderson pela esquerda segurou Pará, Deivid, Zezinho e Everton pararam o meio de campo tricolor, quando a bola chegou perto da nossa primeira linha os quatro gigantes de ébano deram conta do recado. Nos poucos momentos em que as pimentas voaram na direção do gol, São Weverton as soprou para longe das redes.

Foi jogo em que minha pressão não passou dos 12 por 8, a cada minuto o sentimento era de que o Grêmio não teria condições de marcar, estava completamente submetido ao rubro-negro. Renato foi substituindo volantes por atacantes sem qualquer resultado prático, para ressaltar o sabor, lá pelos minutos 90, Luiz Aberto salvou sobre a linha pondo ponto final ao esforço da turma do chimarrão. Furacão na final.

Ressaltar jogadores em partida de dimensão histórica é trabalhar com o perigo. Vou ficar apenas com a partida magistral de Deivid, esperando que ela espalhe seus reflexos sobre todos os 14 de Esparta que garantiram a concretização de mais esse sonho de todos os rubro-negros. Deivid foi incansável, marcou sem faltas, passou, fez trabalho limpo, sereno em meio à tormenta. Abraçando Coquinho, abraço a todos os atleticanos.

Anos atrás, assistindo ao programa Redação Sportv, um dos convidados era gremista doente, um desses personagens folclóricos, cheio de ditos, um gaudério mais para o grosseiro, nada que simbolizasse o gaúcho defensor das nossas fronteiras que eu admiro. Lá pela quinta cuiada, a tronqueira, sem qualquer motivo resolveu desancar em cima do Furacão, disse um monte de bobagens, fiquei me perguntando de onde vinha aquela fúria ignorante, afinal, se tem time com retrospecto positivo contra o Atlético esse é o Grêmio.

Agora eu sei, a ignorância de bota e esporas já predizia a derrota futura, sabia que a ameaça era crescente, enfim, antecipadamente se borrava nas bombachas. Pois o dia chegou e eu, com o sangue adoçado pela vitória, só tenho uma coisa a dizer, toma gaúcho tosco.

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