Subo as escadas, assino
o nome, ganho um capacete de presente, passei a vida de capacete, merecia ganhar
um para enfeitar a estante, e vou procurar alguém que conheça, por incrível que
pareça, entre tantos conselheiros, conheço um pingo de gente. Vejo o Elias,
amigo velho de Colégio Militar, e fico de papo.
Petraglia chega
sorridente, vai cumprimentando um a um, faz uma graça para o Elias, e somos
chamados para a sala de reuniões. Forma-se a mesa, a Clara é chamada para a
cerimônia da bandeira, todos de pé, canta-se o Hino, sinto aquela velha emoção que
me acode com a palavra Hino, e a reunião começa.
Primeiro assunto da
pauta, a inclusão da Arena como garantia para o BNDES face um novo
financiamento de 65 milhões. Petraglia apresenta o andamento da obra, mostra os
trilhos já colocados na cobertura para receber o teto retrátil, explica a
engenharia financeira, perguntas são feitas, o temor com o calote do governo do
Estado é levantado – A Prefeitura já colocou todos os seus 110 milhões na obra,
o Estado apenas 45 milhões –, respostas são dadas.
Chega-se à conclusão de que
o Atlético ficará com uma dívida de 82,5 milhões, a serem pagos em 15 anos a
juros de 1,8% ao ano, algo como 6 milhões/ano. Com a possibilidade de
recebimento de 4,5 milhões/ano pelo naming rights, a dívida pode ser paga com a
placa na parede. Levada à votação, a proposta é aceita por unanimidade.
Segundo item da pauta, a
prorrogação do mandato da diretoria do clube em um ano, passando de 3 para 4
anos o mandato da atual gestão. Verificada a legalidade da proposta, a
necessidade de Assembléia Geral dos sócios, que votarão pela sua aprovação ou
não, respondidas as perguntas, a proposta é aprovada preliminarmente, também
por unanimidade.
O conselheiro pede a
palavra e se diz orgulhoso de ser atleticano, de viver o momento em que se
constrói um novo Atlético, ressalta a palavra do presidente do Galo mineiro, firme
ao afirmar que o único time do Brasil a ganhar com a Copa do Mundo é o Atlético
Paranaense.
Vou lá à frente,
cumprimento o Petraglia e saio com o meu capacete embaixo do braço, dever
cumprido, as imagens da super Arena ainda nos meus pensamentos. O motorista do
táxi pergunta se o Petraglia estava na reunião, se o teto retrátil vai sair,
diz que não torce por futebol, a esposa é coxa, levada pelo pai. Eu não digo
nada, mas penso cá comigo, seja um bom pai, não vá fazer o mesmo com os teus
filhos.
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