sábado, 22 de março de 2014

CAPITÃO DE OURO

Meninote de calças curtas, ouvi a final da Copa de 58 pelo rádio, sem entender muito tudo aquilo, a razão daquela gente do bar da dona Mindoca soltar dezenas de foguetes de vara, de cravados no chão ao estrondo nos céus uma questão de segundos faiscantes. O dia foi tão festivo que ganhei uma cocada branca da dona do bar, uma delícia. Aprendi que a vitória é doce.

Uma semana depois, li a história toda na revista O Cruzeiro. Lá no meio, entre as fotos do menino Pelé chorando abraçado a Nilton Santos, do time dando a volta olímpica, do Didi caminhando com a bola nas mãos após o gol sueco, estava ele, o capitão Bellini, levantando a taça Jules Rimet. O Brasil era campeão do mundo. Pois esse capitão de ouro honrou a só se veste por amor.

Caído para a segunda divisão em 67, o Atlético não precisava de um presidente, precisava de uma salvador. Foi então que Joffre Cabral e Silva caiu do céu. Ainda lembro sua frase defendendo a permanência do Atlético na primeirona: “O seu José Milani não é um hermeneuta, eu sou um hermeneuta”, dizendo-se assim um intérprete das leis, sua arte para salvar o Furacão. Salvou o Furacão.

Salvou e formou um timaço em 68. Convenceu Bellini, com ele foi fácil trazer Dorval, Zequinha, bicampeões do mundo, Zé Roberto, Nair, Milton Dias, Nilson Borges, ressuscitar o Furacão e mudar a mentalidade dos dirigentes do futebol nativo. Bellini foi atleticano por dois anos, despediu-se do futebol em 20 de julho de 69. No dia em que o homem chegou à lua, o capitão aposentou as chuteiras.

Não o vi jogar no Atlético, já estava longe, ouvindo os jogos pelo rádio, um doido procurando canto de alojamento premiado com onda da PRB2. Não vi, mas sinto orgulho da sua passagem pelo Furacão, o capitão de 58, capitão do time do meu coração.

Bellini foi o capitão que colocou o Brasil no mapa-múndi, nunca mais a Bandeira de cabeça para baixo, destacou o Atlético no mapa do futebol brasileiro.

Fossemos nós chegados a cultuar nossos ídolos, na braçadeira de capitão do Atlético deveria estar gravado para sempre o nome de seu mais importante comandante – BELLINI –, sublinhado por três douradas estrelas tiradas com pompa e circunstância dos ombros do primeiro brasileiro capitão de ouro.

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