domingo, 28 de agosto de 2011

VOLTAR A GANHAR

Como havia treinado, Marcelo Oliveira entrou com William Leandro pela direita e William no lugar de Donizete. Sinal de que iria atacar e atacar pelo lado de Paulinho. Nem precisou esperar. Aos três, Leandro fez seu primeiro cruzamento e disparou o sistema nervoso rubro-negro. Fabrício falhou, Kleberson matou mal, o Atlético errava e dava campo para o coxa avançar.

Aos seis, Bill entrou livre pela direita e cruzou rasteiro, a bola passou raspando a chuteira de Marcos Aurélio. Na sequência, o jogador que cresceu no Furacão, tirou do zagueiro e finalizou para fora. As alfaces saltitantes entraram para ganhar. Nas arquibancadas, hortaliças de todos os tipos cantavam e mandavam beijinhos.

Só aos doze o Furacão deu o ar de sua graça no ataque, com sucessivos cruzamentos de Edilson e um chute fraco de Cleber Santana. Parecia que o time tinha superado o início claudicante, faria uma partida mais equilibrada, com Paulinho preso atrás e Edilson liberado para o ataque. O predomínio durou poucos minutos, encerrou-se com chute perigosíssimo de Leo Gago, defendido espetacularmente por Renan Rocha.

O Atlético voltou a sofrer pressão, os escanteios a principal arma coxa. Aos vinte e um Deivid bobeou e cedeu o tiro de canto. A bola subiu e Lucas Mendes cabeceou livre para Deivid salvar sobre a linha. Novo escanteio, Emersom fuzilou de cabeça para o gol coxa. O que começou com um vacilo, acabou em orgasmo ervilháceo.

Seguiu o jogo com o domínio alviverde, municiado pelas rebatidas sem rumo dos defensores e as perdas de bola dos atacantes rubro-negros. Difícil jogar, o Coritiba marcava bem, dificultava a troca de passes, anulava Marcinho e Edigar. Rafinha simulou falta grave, acreditou no amigo Héber, mas a encenação foi tão grosseira que o alho porró deixou o cartão no bolso. Ele tenta se segurar, mas não aguenta.

A bola longa foi cabeceada por Paulinho para Madson na entrada da área, Jéci caiu no choque com o baixinho, se embaralhou com a bola, pareceu ter tocado com a mão, e, no correr do lance, Edigar quis arrumar para chutar e perdeu a chance. Esse é o momento em que entendo a necessidade de um matador, alguém que chute de primeira, de bico.

Renato reclamou pênalti e foi expulso. Héber deu uma olhada suspeita para Rafinha. Se Renato mereceu ser expulso, cada jogo do Brasileiro deveria ter pelo menos um treinador indo mais cedo para o chuveiro. O Luxemburgo e o Felipão todo dia.

O primeiro tempo terminou com Kleberson não alcançando bom passe de Madson e a defesa atleticana entregando bolas para o cadenciado meio campo inimigo.

Já aos dois do segundo, Bill tentou arrumar penalidade máxima, saiu discutindo com Fabrício e cuspiu no zagueiro. Aos quatro deu tranco violento por trás em Deivid. Cartão? Uma conversa ao pé de ouvido? Nada. Seguiu o jogo. O Atlético continuou vítima de erros de passe, domínios mal feitos, perdas de bola. Aos seis, Rafinha entrou na área, cortou prá lá, prá cá e finalizou rente à trave. Aos sete, contra-ataque, Gago adiantou a bola e Deivid salvou. Aos dez, Manoel fez falta e levou amarelo.

Branquinho entrou no lugar de Edigar e a superioridade coxa continuou, os escanteios se sucedendo. Num momento Emersom cabeceia, noutro Jéci, mais adiante, Marcos Aurélio tenta olímpico e Renan espalma. Tendo que atacar, o Atlético estava todo recuado, submisso, sem saída, as individualidades bloqueadas. Nesse quadro, a substituição de Madson tinha sentido. Não por Fransergio. O torcedor não merece.

Entreguei para os santos rubro-negros e eles atenderam. Um minuto depois, falta na intermediária coxa, Edilson cobrou para desvio, ninguém tocou na bola e ela foi ninar no fundo da rede de Edson Bastos. Se a defesa rubro-negra falhou no gol coxa, o forte cabeceio defensivo alviverde entregou o empate. Silêncio no lado verde do treme-treme. O setor em vermelho e preto balançou perigosa e ruidosamente.

Rafinha fez carga sobre Manoel na linha de fundo, socou o zagueiro e na queda tentou chutá-lo. Cartão vermelho para o agressor? Nem pensar. Uma conversinha ao pé do ouvido com Manoel. Haja estômago. Manoel mereceu o Nobel da Paz. Foi um santo.

O Coritiba centralizou o jogo, avançou o lateral esquerdo e voltou a ameaçar, com Marcos Aurélio e Lucas Mendes entrando pelo meio com o auxílio dos pivôs. Saiu Marcinho entrou Gustavo. Renato estava satisfeito com o resultado. Não demorou dois minutos para o Héber ter um particular com Gustavo. Quase tive uma coisa.

O cerco ganhou vulto, Bill foi conseguindo as faltas para Gago bater, o bandeirinha da Copa deu impedimento inexistente de Branquinho num dos poucos contragolpes do Furacão. O Coritiba esgotou-se, não tinha mais pernas, os passes já pecavam pela imprecisão, o indesejado apitou o fim do jogo.

Completei a taça de vinho, peguei o telefone e pedi uma pizza gigante de escarola. Insisti com a mocinha, muita escarola. Só para comemorar.

Pelo que o Atlético fez no ataque, o empate foi grande resultado. Não fossem as seguidas falhas no jogo aéreo, a defesa sairia de campo com nota dez. Os jogadores foram brilhantes no embate com a arbitragem. Engoliram sapos, tomaram pancadas, conseguiram terminar o jogo sem expulsões. Venceram um desafio maiúsculo.

O time saiu amadurecido da partida. Os erros de passe, a condução excessiva da bola, a insistência em sair para o jogo no lançamento longo dificultaram muito. O Coritiba também, impossível desmerecer a marcação, o posicionamento e a qualidade da troca de passes das couves de Bruxelas.

Os jogadores deram sangue, lutaram, acabaram o primeiro turno atrás na tabela, mas com a cabeça erguida e a invencibilidade de sete jogos. Agora, só falta voltar a ganhar.


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