sábado, 27 de agosto de 2011

ATACAR E VENCER

O amigo quer cair de costas? Não? Pois eu vou fazer você cair assim mesmo. Sabe qual é a maior diferença estatística entre as performances do Rubro-Negro e do time das alfaces saltitantes? Vou lhe dizer. O número de faltas cometidas. O coxa é o primeiro dos vinte clubes do Brasileiro com 387 faltas, o Furacão, com 284, o décimo nono. Quem diria, a base do futebol coxa é o anti-jogo.
O técnico Marcelo Oliveira chora os cartões amarelos, reclama da arbitragem, seus meninos, anjos de candura. O time bloqueia a primeira ação do adversário sempre com falta. O jogo para, o time tem tempo para recompor defensivamente, o jogo segue. Um dos destaques da estatística não jogará: Leandro Donizete. O volante é bom jogador, faltoso, criador de caso, um argentino camuflado em verde e amarelo.
Esse brócoli vai fazer falta na salada, primeiro porque é importantíssimo na marcação e transição para o ataque, segundo, e mais importante, por ter a capacidade de irritar nossos jogadores, lesionar, arrumar confusão e desarticular o Atlético. Sua ausência vai tornar o jogo fácil para a arbitragem, embora o alho porró Héber seja o Héber.
Entro no elevador e o vizinho coxa afirma que o técnico alviverde é medroso. Desde a perda da Copa do Brasil o amigo não engole o mineirinho. Cutuco para saber quem vai jogar na lateral e ele se esquiva. No lugar de Donizete, cita dois ou três. Fico apenas com o informe, não confirmado, de que Marcelo Oliveira é medroso. Será? Se for, Demersom será o lateral direito e William o volante. O meu porteiro coxa faz falta.
Com medo ou sem medo, o Coritiba tem lá suas virtudes. Entrosamento de mais de ano, bom cabeceio frontal, tiros de meta e lançamentos longos são sempre interceptados, contra-ataque rápido, partindo com Marcos Aurélio pela direita, ou com Bill lançado longo por Gago, bom aproveitamento nos escanteios ofensivos, o avanço da segunda linha de defesa dificultando a saída de bola adversária, os passes verticais de Marcos Aurélio e Rafinha para os atacantes entrando entre os zagueiros, a força de Bill forçando a jogada individual para obter a falta a ser cobrada por Gago, e o melhor de tudo, os atacantes não perdem chances. É pouco?
Tem também seus problemas. Sem Jonas, fica dependente de Rafinha para ter jogadas pelos lados do campo. Tcheco pela direita e Gago pela esquerda devem lançar Bill dentro da área já da intermediária ofensiva. Edson Bastos vem sendo contestado. Sofre nas rasteiras. Existe espaço para o cruzamento a partir do setor defendido por Lucas Mendes. Pelo outro lado tudo é uma incógnita. Os volantes avançam muito e deixam a defesa desprotegida, daí a necessidade de faltas no ataque. Sem Donizete, a saída de bola fica comprometida, o time perde força de impulsão para o ataque. As perdas, Donizete e Jonas, eram o escape pela direita. O setor perde eficiência, mesmo com Tcheco se aproximando pelo lado.
Para o Atlético, a grande vantagem reside em conhecer o adversário de cor e salteado, suas virtudes e defeitos. O Furacão vai ter que ser Furacão para vencer. Marcar sem permitir escapadas, sem menosprezos ao velhinho Tcheco. Jogar com intensidade os noventa minutos, sem pressas desnecessárias, sem morosidades irritantes, o passe como prioridade, o passe certo uma exigência marcada a fogo no cérebro de cada um dos jogadores.
Os caminhos são conhecidos. Uns tem que ser bloqueados, outros explorados. O Atlético deve ter a consciência de que ganhar é uma possibilidade real. O Coritiba tem desfalques importantes e a torcida desconfia do seu técnico. Há uma boa chance de vitória. As lideranças Marcinho, Kleberson e Cleber Santana têm que dar o exemplo, dar o ritmo. Com eles na frente, é fugir da falta, atacar e vencer.

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