sexta-feira, 12 de agosto de 2011

RUBRO-NEGRO MANDINGUENTO

Adilson Batista foi encontrado vagando pelo CT do São Paulo, no meio da noite, lanterna na mão, olhar preocupado, remexendo moitas, inspecionando vielas. 
– Perdeu alguma coisa seu Adilson –, perguntou o segurança ao identificar o treinador, já com o radinho na mão, pronto para chamar o médico de cabeça.
– Não...não... – respondeu Adilson vagamente, revirando uma caixa repleta de cones.
– Posso saber o que o senhor está procurando? – avançou o homem de uniforme, estranhando aquele remexer de sinalizadores.
– Você viu algum volante por aí, eu perdi dois e tem jogo sábado.
Para quem ama volantes como Adilson Batista, as suspensões de Carlinhos Paraíba e Denilson são um golpe mortal. A possibilidade de perder Rhodolfo assusta ainda mais. O retorno de Lucas, a passeio com a seleção, só para pegar experiência, aprender a perder de camisa amarela, ameniza a sofrimento do professor.
Pior que escalar o São Paulo, só escalar o Atlético, que não contará com Cleber Santana, Kleberson, Rodriguinho, Paulo Baier, Branquinho e outros menos importantes. Senhores, se alguém encontrar um DM que consiga ser mais demorado para recuperar um jogador me avise.
Tem lá um tal de Paulo Roberto em fase de transição há uns dois meses. Além de se recuperar fisicamente, deve ter que fazer cursinho de volante, realizar prova escrita, teste psicológico e adendos, até ganhar carimbo de inspeção federal, certificado ISO dois mil e cacetada para, só então, voltar a campo. Enquanto isso, os milhares de reais caem religiosamente no dia do pagamento.  E os direitos de imagem? Fica de olho feitor.
Voltemos aos problemas do Adilson Batista. Vamos considerar que Rhodolfo jogue, para diminuir suas dúvidas. Qual seria a escalação do time do Morumbi? Vamos adivinhar? Acompanhe-me.
Ceni para fechar o gol; o paraguaio Ivan Piris, João Felipe, Rodolpho e Juan; Wellington, Jean e Cícero; Rivaldo, Lucas e Dagoberto. Se Rodolpho não jogar, Piris ocupa sua posição, Jean vai para a lateral, Rivaldo volta para a linha de volantes e Fernandinho entra no ataque. Nada mal. Um belo time, com pouco entrosamento.
A virtude do São Paulo neste Brasileiro está na capacidade de ganhar partidas fora. Já ganhou seis, o que revela bom contra-ataque e muito boa finalização. Estatisticamente, para cada sete finalizações, o time do santo marca um gol. As cobranças de falta com Dagoberto para o cabeceio de Rhodolfo dão lucro certo.
As individualidades de Lucas, artilheiro do time com cinco gols, duas assistências e quatorze finalizações, e de Dagoberto, com quatro gols, seis assistências e dezesseis finalizações, tocam o time no ataque. Cícero, um meia, que escalei no lugar de Carlinhos Paraíba, decidiu o jogo contra o Avaí na Ressacada com dois gols. O potencial ofensivo cresce com o avanço de Juan pela esquerda e as entradas de surpresa na área de Jean e Rivaldo.
Defensivamente, desmontaram o time. Saíram Miranda e Alex Silva. Os substitutos entram e saem vítimas de cartões e contusões. Mesmo assim, o time leva poucos gols, muito em virtude da eterna boa fase de Rogério Ceni e da força dos volantes.
O São Paulo, com todos os problemas, ainda dá para colocar no papel. Já o Atlético, nem me atrevo a arriscar. Minha esperança é que Renato tenha aproveitado o jogo com o Flamengo para definir quem não pode escalar. Todos os atleticanos sabem. Colocar os vivos, os que acertam passes, os que possuem terceira marcha, tem direção hidráulica, é o dever do “gaurioca”.
Passei pelo amigo saindo do escritório e sorri ao seu aceno com um rosário rubro-negro na mão. É atleticano de Esparta, uma dureza. Por via das dúvidas, vou pedir uma força ao rubro-negro mandinguento.

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