terça-feira, 9 de agosto de 2011

CANSADOS DE SABER

Quarta-feira, no horário nobre do futebol, após um dos últimos capítulos da novelinha em que as pessoas gritam, se sacaneiam, o Antônio Fagundes faz as mesmas caretas de vinte anos atrás e a pobre da Glória Pires tem que botar tudo nas costas e carregar, o Ventania enfrenta o Urubu no Rio de Janeiro pela Sulamericana.
A competição a iniciar-se é igual a prêmio de consolação. Descartável. Quebrados no Brasileirão, impossibilitados de conseguir classificação para a Libertadores, os clubes se orgulham de conseguir a vaga na Sulamericana, algo quase impossível de evitar.
Anos passados, o Atlético estava para cair na última rodada, não caiu e ainda foi brindado com a vaga preciosa. Lembro de estar saindo com a alma lavada, um cinco a três contra o mesmo Flamengo a enfrentar, quando alguém gritou a notícia. Estamos na Sulamericana! Só rindo.
Conquistada a honrosa distinção, duas hipóteses podem ocorrer. O time está no bagaço no Brasileiro, caso atual do Atlético, ou está bem demais. Em ambas as situações, os clubes decidem por jogar a competição com seus reservas, preocupados em não machucar jogadores, cansar atletas com os dois jogos por semana impostos pelo calendário fatigante. Enfim, descartam a competição, desdenham a vaga tão “gloriosamente” conquistada.
Renato Gaúcho, uma ótima surpresa, já afirmou que vai com o time B. Está cheio de razão. O jogo de domingo mostrou um Atlético cansado em final de jogo. Deivid caiu e só foi levantar do carro-maca, ou trololó como querem alguns, na boca do túnel. O peito do menino caído em campo era uma bomba de ventilação, assustador, caso de balão de oxigênio. O time tem que descansar, recuperar-se, até nas guerras existem as zonas de repouso.
O amigo quer saber qual é esse time B. Posso chutar? Pois bem, lá vai. Santos é o goleirão. Wagner Diniz, Gustavo, Bruno Pires e Héracles é a primeira linha de defesa. A gente pode facilitar, mas não entregar. Vamos de três volantes? Sim? Veja se concorda: Fransergio, Renan e Marcelo Oliveira. Três atacantes? Um 433 de manual? Tudo bem? Que tal Guerrón, Pablo e Adaílton.
Jogar com o Ventania não significa desprezar a competição, dar as costas à possibilidade de, no mínimo, receber cotas importantes por jogos futuros, veicular a marca. Significa ser realista, jogar para honrar a camisa, priorizar a defesa e ver no que dá, e, com o resultado nas mãos, reprogramar o futuro.
Tenho especial interesse em ver Santos, Bruno Pires e Pablo como titulares do Atlético. O craque a gente conhece no tocar a bola, no passe, na movimentação em campo. Quem não viu Fernandinho dar seu primeiro chute e não percebeu a promessa virtuosa. Tem que deixar jogar. Vai lá sentimos aquela sensação boa de novo, com o surgir de um novo talento no cajueiro que já deu tantos.
Afinal, quem não joga, me desculpem os empresários, já estamos cansados de saber.   
 

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