domingo, 22 de janeiro de 2012

OLHAR E VER

O time dos meninos tomou uma varada inesquecível do Corinthians. A falta de dois volantes titulares, o gol logo no início, a tentativa de jogar de mano com o timão levaram ao desastre.
A rede social caiu de pau na garotada, o técnico não ficou ileso. Justifica-se. Com o cenário 2012 dominado por raios e trovões iluminando as soberbas e desanimadoras nuvens plúmbeas que o caracterizam, a chance de passar à final e chegar ao título eram esperanças únicas de alegria. A possibilidade do coxa levar o troféu, abortada pela dolorosa chinelada desferida pelo Flu, tornava a derrota ainda mais inaceitável, o torcedor furibundo.
Não vejo desse modo.
Primeiro, acho que a descoberta de talentos, daqueles com possibilidade de chegar ao time de cima, é muito mais importante que a conquista do título. O título é consequência de um elenco bem treinado, com maior número de jogadores capazes de participar em alto nível, de um menor número de viagens, de jogos menos desgastantes.
O Corinthians jogou todas no seu quintal. O rubro-negro foi um cigano.
O Atlético foi organizado, com saída de bola eficiente, boa troca de passes, constante chegada no ataque, rápida recuperação do sistema defensivo, marcação forte. Assim chegou à semifinal. Foi longe. Não faltaram trabalho e dedicação aos meninos.
O São Paulo que informava um dispêndio de 20 milhões com a formação de seus jogadores, não passou da fase inicial. Isso não significa ausência de futuros Raís.
Individualmente, os jogadores demonstraram bons fundamentos. Segura troca de passes, domínio de bola com ausência de matadas na canela, finalizações bem direcionadas, tranquilidade em situações caracterizadas pelo pouco espaço.
Para quem sofreu com o “profissional” de 2011, os meninos foram um colírio para os olhos.
A torcida tem que receber os meninos no time de cima com paciência e apoio incondicional. Dar chance para que eles se transformem nos craques que o Atlético precisa. Da Copinha de 2009, em que o Atlético perdeu a final para o mesmo Corinthians, só restou Manoel e seus problemas. Um desperdício.
Se assim não for, teremos que nos conformar com coveiros de luxo como Kleberson, Wagner Diniz, Cleber Santana, Paulo Roberto, aquele baixinho que já esqueci o nome e tantos outros.
Don Juan Ramon não pode fechar os olhos para a utilização dos meninos. O seu time de grandões é uma incógnita com o DNA carregado de sequelas.
A saída de bola permanece baseada no bico para frente. Agora, com objetivo claro. Nieto pela direita para fazer o pivô aéreo para Morro pelo meio. Em três minutos, o treinador do Londrina marcou a jogada e a surpresa acabou.
O que é normalmente uma bola de escape defensivo, uma jogada clássica de contra-ataque, é a saída de bola oficial do Atlético. Será que enfrentaremos mais um ano de ligação direta? Aí eu não aguento. Nem a defesa. Os amigos lembram quantos pontos perdemos nos últimos minutos de jogos no ano que passou?
O ataque está em fase de experimentação. No primeiro tempo, Nieto, Morro e Ricardinho jogaram muito afastados, sem condições de atuar coletivamente. Com as entradas de Marcelo e Bruno Mineiro houve uma aproximação natural dos atacantes e a produção ofensiva foi superior.
O setor esquerdo defensivo foi vulnerabilidade, mesmo com Heracles muito pouco acionado no ataque. Os cruzamentos continuam sendo meros chutes para dentro da área.
O Atlético está muito longe de ser um time confiável, com padrão de jogo definido, os defeitos estão expostos. Ter consciência dessa situação pode ser uma imensa vantagem. Basta ter um pouco de humildade, olhar e ver.



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