quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PERGUNTAR AO SEU DARIO

Estou na praia aguardando o chamado para o emprego dos sonhos, lendo na internet as raras notícias do rubro-negro fechado como a ostra que não aprecio. Ao final da tarde puxo minha cadeira e sento na beira do calçadão, fico vendo o fim do espetáculo, as pessoas passando, o sol caindo nas minhas costas, a sombra do edifício se alonga, passa por mim e vai morrer de encontro às ondas.

Com a sombra chega o seu Dario, 94 anos, gaúcho, hoje morador de Brasília, que vem passar o verão com o genro na Divina do Dino Almeida. Memória possante, puxa papo e começa contar a história da sua vida, vai dirigindo por Clevelândia, Pato Branco, Capanema, Barracão, tempos das estrada de barro, das eleições de sessenta eleitores, tão pequenas eram as cidades.

Com o genro, outro gaúcho, militar da reserva da Brigada, é como eles chamam a PM lá no país deles, descubro um dos motivos da memória impressionante, o quase centenário lê jornal todos os dias e, imaginem, estava indignado com o conteúdo da nossa Gazeta do Povo.

Há muito não leio a Gazeta, estou mais para o virtual, por isso evito a comparação. Impossível é duvidar da opinião do seu Dario, acostumado à leitura diária da Zero Hora e do Correio Brasiliense. O homem deve ter lá suas razões, o nosso periódico deve andar mais ralo do que sopa de cadeia.

Penso que não só a Gazeta perdeu conteúdo. Acho que a cidade invadida por todos os lados perdeu um pouco da sua alma, interessada em atender aos visitantes, dar-lhes de comer da cultura que deixaram para trás, a necessidade do ganho em primeiro lugar. Trocou-se personalidade, identidade, por rentabilidade.

Seguindo esse rumo, o futebol impresso abriu espaço exagerado para paulistas e cariocas, os times da terra compõe as páginas carregadas de São Paulos, Flas e Flus. Para complicar, a nossa Gazeta abriu fogo contra o Furacão e conseguiu enfurecer o rubro-negro. Alguns de seus cronistas foram fundo nos seus ataques ao presidente atleticano, perderam a mão dos seus textos, confundiram indivíduo com instituição.

Agora o site oficial do Atlético afirma que o presidente Petraglia não concedeu entrevista ao colunista Valdir Bicudo, divulgada no portal Paraná Online. Mesmo o Atlético marisco – ao contrário da ostra, um marisquinho bem feito muito me agrada – tem problemas. É “pacabá”. Provavelmente o portal vai retaliar, ainda menos Furacão, agora na telinha.

Colunistas são a base do bom jornalismo. Face ao assunto polêmico, uma olhada no editorial, na opinião da coluna pode dar clareza ao fato, direcionar o leitor. Do jeito que vai, o torcedor rubro-negro vai ter que assinar a Folha, o Globo, pesquisar em blogs e sites, talvez assim encontre algo pelo menos mais honesto para ler. Talvez seja esse o caminho. Não sei, por via das dúvidas, vou perguntar ao seu Dario.

 

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