terça-feira, 17 de abril de 2012

A FACA NAS TUAS COSTAS

Nasci na cidade universitária. Tinha orgulho do título da minha Curitiba. Passava uma ideia de superioridade, de um povo dedicado ao estudo, consciente de que a educação era nossa prioridade, com ela superaríamos toda sorte de falazes. Hoje, se estou certo, ostenta o rótulo de capital ecológica.

Pode ser, cidade universitária é que não é mais. Na verdade, a Curitiba de tantos parques, está muito mais para o parque dos hipócritas.

Por que sapeco diploma tão pouco lisonjeiro na minha amada Curitiba?

Simples. O festival de bobagens em que se intrometeu a mídia esportiva local na defesa dos recursos públicos estaduais e contra a Arena da Baixada, agora endossada pelo Tribunal de Contas do Paraná, é um mar de hipocrisia de dar inveja aos melhores políticos deste Brasil varonil, num momento dedos em riste em defesa do erário, segundos depois, ligações inconfessáveis com o bicheiro da esquina.

Travestidos de moralistas, de defensores da coisa pública, veteranos e seus juniores da crônica nativa envergam sem pudor suas jaquetas em verde e branco, castigam seus teclados anti-Petraglia, salivam seus microfones colorados, mais importante derrubar o inimigo, impedir a Copa na cidade, do que alavancar o progresso pujante que se observa em todas as demais cidades sedes da Copa 2014.

Impossível evitar o comparativo. Enquanto em São Paulo o dinheiro público mana vaporoso para a conclusão do Itaquerão, aqui as dúvidas são lançadas no caminho da obra, atrasando, causando prejuízos, distanciando o curitibano comum do bem-estar imperativo, do orgulho de construir o estádio mais barato da Copa.

Impossível deixar de concluir. Acredite o amigo, o São Paulo das grandes rodovias, do pleno emprego, da polícia nas ruas, a locomotiva do Brasil, é feudo de políticos corruptos, despreocupados com os dinheiros públicos, gastadores sem peia, ocultas suas manobras pela imprensa irresponsável pronta a lhes dar apoio.

Os incorruptíveis bandearam-se para o sul do Paranapanema, para a terra dos pinheirais, das trilhas no meio do mato, dos pedágios exorbitantes, dos homicídios em alta, dos roubos de veículos em espetacular crescente. Virtuosos tremem sobre o muro, vacilam no cumprimento de suas obrigações, estimulados pelos caducos da bola e seus descendentes acotovelados no decadente espaço que ainda ocupam.

Não tenho dúvida, em termos de visão política, de proficiência da imprensa esportiva, em relação a São Paulo, o meu Paraná é uma província de quinta categoria.

Fosse o Atlético um time de dono, poderia mudar-se tranquilamente para o interior paulista, abandonar Curitiba. Como não é, só para criar caso, poderia sugerir uma inspeção no Couto Pereira. Com certeza, adotada a sugestão, com a “seriedade” de nossos órgãos públicos, um cabo velho do Corpo de Bombeiros e sua prancheta implacável interditaria o “treme-treme” por anos a fio, tal a precariedade das instalações daquela velharia em pandarecos.  

Infelizmente, a mídia pudica só gosta de transparência para quem se esforça pela melhora.

O curitibano que sofre nos pontos de ônibus, no congestionamento absurdo, tirita no aeroporto gelado aguardando sua abertura, procura um emprego que lhe dê pouco mais de dignidade, deve entender a postura da nossa crônica esportiva como um ataque direto ao seu crescimento como ser humano, aos seus direitos mais elementares.

Fique esperto curitibano. Aquele que te abraça jurando a tua defesa, reluz a faca nas tuas costas.


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