segunda-feira, 23 de abril de 2012

SERÁ UMA PENA

Enquanto nos campeonatos italiano e espanhol os técnicos passam por uma benfazeja fase de rejuvenescimento, no Brasil as velharias cheirando a naftalina se agarram aos cargos, navegam velhos esquemas, adoram botinudos, apegam-se aos resultados mínimos que lhes garantam 300, 400, 500 mil mensais nas polpudas contas correntes.

Além de nada mais ter a apresentar, ficam aborrecidos, alteram-se nas coletivas, passam a ideia de que tudo sabem, asseveram ser o futebol assunto de profissionais, não tivessem sido muitos deles em início de carreira nada mais que becões de roça dignos do maior amadorismo. Em algum momento introduziram-se no futebol, ganharam um título e transformaram-se em pais da matéria.

O senhor Mano Menezes especializou-se em tirar times da segunda divisão e hoje é o técnico da canarinho. Montado em ternos bem cortados, paciente no diálogo com os jornalistas, vai enterrando a seleção com zelo inigualável. O papa Muricy, depois de meses de preparação, tomou uma do Guardiola de deixar o Brasil roxo de vergonha. Não durou quinze minutos no combate.

O chatíssimo Tite acaba de perder para a Ponte Preta, afastando o Timão das finais do Paulista. O Felipão levou o Palmeiras ao mesmo destino contra o Guarani.

Joel Santana, “the clipboard man”, continua colhendo milhões na horta dos times cariocas, ganhar títulos, que é bom, nem pensar. A minha amiga Regina, lá na Espanha, sofre com o seu urubu.

O Luxemburgo foi tentar a recuperação da carreira em naufrágio cinematográfico filmado em 3D lá pelas margens do Guaíba. Identificação nenhuma, no que vai dar, só Deus sabe.  

Dentro deste cenário de chiliques, fraldões geriátricos e papinhas, a chegada de Don Juan ao Atlético foi de um frescor estimulante. Privilegiou o ataque, deu chance a todos, improvisou com acerto, descobriu os melhores tecnicamente, indicou a contratação de bons jogadores, possibilitou a si próprio o conhecimento de todo o elenco em condições de jogo. Fez do Paranaense um laboratório de alto nível.

Com a parte mais difícil da tarefa terminada, faltando apenas o acerto da defesa, a esperança cisplatina derrapou feio na reta de chegada. Com seu inseparável chiclete mascado a dente do siso, renegou conselhos soprados por mil vozes, olvidou a leitura do adversário, abandonou os defensores à própria sorte, esqueceu no CT o craque-menino.

Como se dizia no meu glorioso Exército, quem deve paga, quem paga, paga na hora.

Não pagou só ele. Pagaram o Atlético e seus torcedores. Paguei eu que estou avisando há meses.

Don Juan só não pode ser cabeça dura. A derrota absurda tem que trazer benefícios.

Defender organizadamente não é vergonha. O Chelsea enfrenta hoje o Barcelona com chances de passar de fase graças a um impecável jogo defensivo em Londres.

Os craques tem que estar pelo menos disponíveis. Harrison assistindo o jogo pela televisão é um despropósito.

Don Juan criou todas as condições para a montagem de um time diferenciado. Fez belo trabalho. Errar agora será imperdoável. Jogar todo esse esforço no lixo por uma postura inflexível, uma aposta na surpresa do treino, um esquema em desequilíbrio, será uma pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário