Saio para aproveitar a manhã de sol,
sentir a alegria fluir pelo corpo velho, quando passando em frente do boteco pé
sujo, escuto do homem que com um pano imundo tenta “limpar” o piso gordurento:
“um a zero no pau da goiaba”. Um desarrumado emendou lá do fundo: “e que
golzinho estranho”. Imaginei serem coxas, ou paranistas, discutindo o jogo do
meu Furacão.
Fossem atleticanos estariam de pé nas
cadeiras, falando da vitória heroica, do golaço de Marcão, a canela mais bem
localizada em toda história do futebol brasileiro, gastando a aritmética para
calcular chances de retorno à série A.
O um a zero foi na medida. Contra o Criciúma
vice-líder, precisando encurtar diferença enorme, o Rubro-negro venceu partida
que começou com susto capaz de fazer seu Petraglia cair do assento, onde nem
bem se acomodara. Dois minutos e barriga-verde chegou livre na cara de
Weverton. A defesa milagrosa encaminhou jogo tranquilo.
Repetindo a escalação do jogo
anterior, com Henrique e Felipe alternando o posicionamento pelas extremas,
Elias gerenciando o trânsito ofensivo, João Paulo estupendo no desarme e saída
de bola, os dois laterais sempre no ataque, o Atlético trocou passes desde
Manoel, fez o gol “estranho” logo aos 21, e conseguiu três pontos magníficos.
O gol de Marcão foi fruto do aumento
da probabilidade de sucesso que o número elevado de atacantes na área
proporciona. Quando Pedro Botelho cruzou, o Furacão tinha Felipe para chutar,
mais três atacantes posicionados à sua frente. As chances de gol eram muito
grandes.
Felipe finalizou, a bola desviou em
Marcão, todos os atleticanos do mundo gritaram “Vai! Vai! Entra! Entra!”, e ela,
fazendo-se de rogada, atendeu ao pedido. É raro termos tantos jogadores
colocados de modo a aproveitar cruzamentos e erros da defesa. Bola no fundo, a
tropa tem que entrar na área.
Giovanni, o cabeçudo do Criciúma, que
aos 31 do primeiro tempo foi expulso por atropelar Deivid, facilitou o serviço.
Aí ficaram faltando os gols. Mesmo com
o Tigre jogado na defesa os 90 minutos, deveríamos ter marcado mais. Marcão perdeu
um feito ainda na primeira etapa, e, na segunda, somente três chutes tiveram
direção do gol, dois de fora da área. Muito pouco. Os cruzamentos cortaram a
área sem interferência dos atacantes.
Não fosse o drama vivido, o temor do
empate, que quase aconteceu em escanteio no primeiro minuto do segundo tempo, o
torcedor teria cochilado.
Embora com efetiva presença no ataque,
a defesa tem garantido as vitórias. Ótimo. Um pouco de estrela tem ajudado.
Melhor ainda. Em semana em que nos despedimos de Morro Garcia e Paranaguá, estava
na hora de receber um afago da boa sorte.
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