Moro de cara para o sol da manhã. Da
minha privilegiada janela, me acostumei a ver as primeiras claridades do dia
refletidas sobre a cobertura da Arena magnífica, exemplo de modernidade em
tempos de velharias, um orgulho para todos os rubro-negros.
A possibilidade de dar presente ao
curitibano, trazer para a cidade os jogos da Copa 2014 e as consequentes melhorias
na sua infraestrutura, fez os atleticanos decidirem por colocar por terra o sonho
materializado, destruir o novo para construir o soberbo, dar passo gigantesco
na direção do que há de melhor no mundo.
O avançar é movimento cheio de riscos,
ainda mais quando invejas poderosas estão dispostas a intervir em todos os
setores para dificultar o crescimento inevitável. Foram essas invejas
travestidas de defensoras dos dinheiros públicos, determinantes para que meu
olhar demorasse por meses sobre a Arena destruída, a cada manhã a esperança de
uma agitação produtiva e nada além do voo dos pássaros indolentes sobre o
esqueleto em definhamento.
Pois ontem, finalmente, li a notícia
tão esperada. O BNDES liberou os recursos para o avançar da obra.
O que começou lá pelo agosto de 2011,
com o convencimento do Conselho Deliberativo da Administração Malucelli, tarefa
duríssima, um ano depois recebe o tiro de partida, sai do bloco e, a partir de
agora, deverá seguir como um Usain Bolt na direção da linha de chegada.
Imagino o trabalho que deu chegar a
este ponto. Quantas dúvidas assomaram às mentes dirigentes, quantos projetos
foram feitos e refeitos, quantas leis e artigos rebuscou o jurídico, quantas
negociações se estabeleceram sem que qualquer de nós tivesse o menor
conhecimento.
Como atleticano nascido aqui ao lado
da velha Baixada, menino acostumado a entrar pelo portão da Petit para ver treinos,
jogado nas arquibancadas de tijolos, ou nos bancos de madeira da social,
próximo aos endinheirados com seus coletes e cigarros fumegantes, é fácil
entender a emoção que irrefreável me atinge ao teclar o parágrafo, antevendo a colossal
transformação.
Nada fiz, além de sofrer distante os
inúmeros percalços ultrapassados pela direção rubro-negra. A ela os meus
parabéns. A todos aqueles que cooperaram de qualquer forma para que tantas
represas fossem abertas, tantos nós fossem desatados, os meus sinceros cumprimentos,
não apenas do atleticano de fé, mas, também, do velho piá orgulhoso da cidade
onde nasceu.
O amigo ainda não leu o nome Petraglia
neste texto que se alonga. Tem razão, impossível não citar, ficou para o fim.
Parabéns Petraglia.
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