quarta-feira, 1 de agosto de 2012

FIQUE TRANQUILO


Os jogadores estranharam o silêncio de Jorginho no início da preleção. De olhos baixos, parecia procurar algo sobre a pequena mesa em que se apoiava. De repente, levantou o olhar napoleônico, pareceu procurar o infinito no horizonte finito da sala e disparou: “Cheirosos e fedidos, hoje vamos jogar o futebol trambolhão”.   

Silêncio absoluto. Esperava-se uma explicação para a nova modalidade tática. Com o olhar ainda perdido, a interrogação do olho esquerdo cada vez mais acentuada, prosseguiu o treinador.

– A defesa isola, bico para frente e para os lados. Quem conseguir pegar a bola, no meio de campo, dispara com ela para frente. Se alguém chegar na linha de fundo, fecha os zóio e cruza. Quem estiver passando pela área, tenta colocar para dentro. Sem a bola, aproxima, marca, derruba.

Estava definida a forma de jogar. Jorginho pareceu sair de transe redentor e se foi, deixando os atletas em aquecimento para entrar no coliseu de Guaratinguetá.

O assessor de imprensa rubro-negro recomendou cuidado aos fotógrafos e câmeras de televisão nas laterais e fundos do campo.

Deu certo. Os guerreiros cumpriram à risca as determinações do Napoleão do Caju, penamos, e graças a um penoso, vencemos. O chute de longe de Bruno Furlan resolveu o problema. Infelizmente se contundiu. Perda irreparável.

Se o amigo discorda de minha abordagem irônica, direi que o Atlético jogou com grande intensidade, foi competitivo, dominou a partida e venceu com mérito. Os jogadores se esforçaram ao máximo, o torcedor pode torcer o nariz para o aspecto técnico, jamais ponderar falta de luta. Os três pontos vieram envoltos em camisas enlameadas. Vibre rubro-negro.

Entre cheirosos e fedidos, ficamos sabendo que Ligüera é fedidíssimo. Depois de amargar a reserva de Baier, Harrison e agora do desconhecido Felipe, pode procurar time. Bruno Mineiro, outro fedidíssimo, já foi embora. Um dos mais aromáticos é Tiago Adan, o rapaz deve tomar banho com Versace Pour Homme legítimo, comprado na Rue de Rivoli em Paris.  Futebol é esporte para se torcer, jamais entender. Daí alguns aromas não muito agradáveis.

Ontem, terminei meu texto afirmando que vai dar certo. O amigo leitor concordou, duvidou apenas se neste ou no próximo ano. Prezado amigo, vai ser sofrido, mas voltaremos neste ano. Fique tranquilo.




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