Estou lendo o livro
Código da Vida do senhor Saulo Ramos, Ministro da Justiça no governo Sarney.
Uma obra plena de elogios à classe dos advogados, todos a nata da inteligência,
sábios na aplicação da lei, poços de virtude. Lá e cá uma tamancada em amigo que
virou inimigo, um tropeço no ódio, nada que afete o brilho do antes nobilíssimo
colega.
Lá pelo meio do alfarrábio,
revela ter recebido proposta para ser Ministro da Justiça do governo Collor,
implícita aí a defesa do presidente dos descamisados no processo de
impeachment. Valor da proposta, cinco milhões de dólares. Pediu dez, foi
atendido, negou.
Com a multidão de
bandidos endinheirados que usufruem dos “rigores” da democrática Constituição
de 1988, os advogados e seus salários estão a fazer inveja aos nossos maiores
craques de futebol. Dizem que o Neymar vai tentar a Faculdade de Direito de
Santos. O Sr Thomaz Bastos, Ministro do Lula, o ex-presidente acusado de
chefiar o mensalão, teria recebido 15 milhões para defender o Cachoeira, pulou
fora no meio do caminho. Tem um barbudinho que está sempre ao lado de meliante
graúdo. Um Drogba do Direito.
Como não posso pagar
essa gente e temo que a Djanira me lance às barras da lei, que a Justiça do
Trabalho venha tirar meu sono, prefiro a velha e corroída senda da honestidade,
pago tudo direitinho, tenho arrepios a cada história ouvida em que a doméstica
venceu o patrão por goleada.
Por isso, quando li que
o señor Morro Garcia entrara na Justiça contra o Atlético, minha pressão foi a
18 por 12. Pressenti o prejuízo já imenso transformar-se em verbete no
Guinness, o Livro dos Recordes, o Rubro-negro obrigado a limpar os cofres para
pagar o atacante e seus craques togados.
Semana passada,
Petraglia devolveu Garcia ao Nacional. Não acreditei. Fui ao site do clube ler
os termos do acordo e descobri que o Atlético ainda vai receber dinheiro de
volta. Li de novo, devia ter perdido algum detalhe, no mínimo a possibilidade
de recorrer deveria estar contida em algum parágrafo obscuro. Nada. Esperei as
repercussões. Dei um tempo. Nada.
Como diria amigo meu: “essa
foi campeã”. O Atlético deve ter um Messi no Departamento Jurídico. Fica aqui o meu abraço ao camisa 10 dos
causídicos.
Depois dessa acredito em
tudo. O Furacão ainda vai ser campeão da segundona, o teto retrátil da nova
Baixada virá com película anti-reflexo, o Janguito viverá dias de casa cheia.
Hoje não tenho mais dúvidas, o Atlético é a tenda dos milagres.
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