domingo, 14 de dezembro de 2014

PENSAR E MUDAR

Passei a semana admirando a final da Sul-Americana, os espetáculos maravilhosos em Medelín e Buenos Aires. Estádios repletos de torcedores fanáticos, festas lindas, locutores contando a história, manifestando abertamente seus amores por seus clubes, sem cinismos, sem medos descrevendo os gols consagradores. Que inveja.
Este ano perdemos tudo. Um vexame na Libertadores, outro maior na Copa do Mundo, um menor na Sul-Americana. Uma vergonha. Quem viu Cruzeiro e Galo pela Copa do Brasil sentiu falta do público imenso de River e Nacional. Onde foi parar o torcedor brasileiro, as tardes de Maracanã lotado que vi na juventude, a Baixada transbordando na sua meninice, públicos ainda não alcançados em sua maturidade magnífica.
Os clubes têm que recomeçar o trabalho com suas torcidas. Elas não são inimigas. Como a obra material, a torcida é um patrimônio, talvez muito mais importante. É ela que salva o dirigente na dificuldade, estimula o time na hora da apertura. Não adianta apenas construir o templo, tem que conquistar o fiel no descaminho, ir buscá-lo em casa, levar a ele a palavra certa.
Diretorias são eleitas para ter ideias, buscar caminhos, desviar obstáculos, serem intensas nos seus trabalhos. Não basta estabelecer a rota e persistir nela sem que os peregrinos a adotem, achando que a culpa é dos romeiros. A culpa é da palavra.
O futebol é religião, na religião, indispensáveis os pescadores. Se os teus apóstolos não sabem pescar, se tem medo de novas ideias, se tem medo de você, está na hora de rever conceitos, trocar pescadores, varas e molinetes. Na paciente calma da pescaria pouca, é hora de pensar e mudar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário