Passei a semana
admirando a final da Sul-Americana, os espetáculos maravilhosos em Medelín e
Buenos Aires. Estádios repletos de torcedores fanáticos, festas lindas,
locutores contando a história, manifestando abertamente seus amores por seus
clubes, sem cinismos, sem medos descrevendo os gols consagradores. Que inveja.
Este ano perdemos tudo.
Um vexame na Libertadores, outro maior na Copa do Mundo, um menor na
Sul-Americana. Uma vergonha. Quem viu Cruzeiro e Galo pela Copa do Brasil
sentiu falta do público imenso de River e Nacional. Onde foi parar o torcedor
brasileiro, as tardes de Maracanã lotado que vi na juventude, a Baixada
transbordando na sua meninice, públicos ainda não alcançados em sua maturidade
magnífica.
Os clubes têm que
recomeçar o trabalho com suas torcidas. Elas não são inimigas. Como a obra
material, a torcida é um patrimônio, talvez muito mais importante. É ela que
salva o dirigente na dificuldade, estimula o time na hora da apertura. Não
adianta apenas construir o templo, tem que conquistar o fiel no descaminho, ir
buscá-lo em casa, levar a ele a palavra certa.
Diretorias são eleitas
para ter ideias, buscar caminhos, desviar obstáculos, serem intensas nos seus
trabalhos. Não basta estabelecer a rota e persistir nela sem que os peregrinos
a adotem, achando que a culpa é dos romeiros. A culpa é da palavra.
O futebol é religião, na
religião, indispensáveis os pescadores. Se os teus apóstolos não sabem pescar,
se tem medo de novas ideias, se tem medo de você, está na hora de rever
conceitos, trocar pescadores, varas e molinetes. Na paciente calma da pescaria
pouca, é hora de pensar e mudar.
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