quarta-feira, 16 de maio de 2012

ADORMECER O TEXTO


Quem te conhece melhor que os teus filhos? Ninguém. Os filhos te observam há anos, têm você como exemplo, mas conhecem teus defeitos. Quem não os têm?

O amigo diria que a esposa o conhece melhor que as crianças. Sem dúvida. Ela conhece todos os teus senões, já se acostumou a eles, acha difícil obter mudança, só se manifesta quando a saúde do consorte é colocada em risco. A última vez que a minha se manifestou foi quando estive prestes a entrar dentro da televisão para matar o Cléber Santana. Sou um caso típico de com sorte.

Os filhos são mais bocudos. Começo a me agitar já vão se intrometendo, lembrando minhas frases, os ditos que herdei dos velhos e lancei mão para lapidar as pedrinhas, hoje rochas poderosas. O mais usado é “quem tem a boca grande não vai à festa no céu”.

Estou indignado, começo a lançar meus venenos, lá vem eles com o dito apaziguador, às vezes seguido de um terapêutico “olha o coração!”. Eles me conhecem e, de certa forma, me modificam.

Acabado o jogo horrível, escrevo e coloco o texto para dormir. A noite acomoda os sentimentos, amortece o erro do zagueiro, encolhe os erros de passe, dá algum sentido às mudanças do treinador, suaviza a amarga atuação do homem de preto. Acordo para deletar, substituir, suavizar, trocar o quase palavrão pela palavra amena.  

Por esquecer o velho adágio, o Atlético está cada vez mais longe da festa no céu. Com ou sem razão, envolveu-se em luta com duas corporações importantes para o clube, imprensa e companhia de árbitros.

Da refrega com a arbitragem deu ao Coritiba, de graça, o paraíso.

Do duelo com os jornalistas, conseguiu manchetes negativas, textos eivados de realidades duvidosas, o assunto sempre analisado com vistas ao descrédito da diretoria, da instituição Atlético Paranaense. Exemplo disso é o noticiário sobre a construção da Arena. Dou um doce de abóbora em forma de coração, feito na hora, cascudinho por fora e molinho por dentro, para alguém que encontre na mídia opinião favorável.

O uso do twitter e sua comunicação automática maximizou a desgraça. Como o drible que se transformou em ofensa moral, a fala do dirigente se transformou em injúria, é caso de processo. Hoje, o lendário ex-presidente do Flu, Francisco Horta, célebre provocador,  mesmo com a imprensa carioca esperta em promover o espetáculo,seria um vilão da pior espécie.

Como militar que fui, sei como ganhar uma guerra e jogar o esforço fora ao perder a batalha da comunicação. Até hoje amargo bobagens diárias, escritas e faladas, muitas delas pensadas e ditas por engravatados criminosos.

O Atlético está nesse nível. Qualquer escriba de fundo de redação fulmina o Rubro-negro com seu trabuco-teclado. Chega a irritar.
Ninguém em sã consciência pode dizer que o Rubro-negro colherá bons frutos seguindo essa trajetória conflituosa. O torcedor já está cansado de perder no campo e na história. É bom pensar um pouco no céu, no mínimo, adormecer o texto.

Um comentário:

  1. Muito bom Ivan, falando nisso achei muito errada a nota oficial que foi colocada no site oficial na sexta antes da final dando ainda mais armas ao inimigo.

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