Aquele que se dedica à análise tática do Furacão tem uma
certeza, o time é ofensivo. A certeza estaciona na filosofia de jogo. Se desejar
estabelecer os nomes que entrarão em campo, o pobre coitado do analista terá
que penetrar no cérebro indecifrável de Don Juan. Na cachola do treinador
rubro-negro fervilham combinações impensáveis, objetivos inconfessáveis, todos
os atores têm chances de protagonismo.
No Grenal de domingo passado, Luxemburgo fez mistério da
escalação do Grêmio. Todos os jogadores saíram do vestiário “fardados”, foram
em bloco cumprimentar a torcida, alguns assinaram a súmula nos derradeiros
minutos antes do hino gauchesco. Criou o maior salseiro para a imprensa, não se
sabe se para o técnico do Inter que venceu de 2 a 1. Nada disso é preciso com
Don Juan.
A loteria federal deveria criar uma nova aposta, a “Descubra o
Furacão”. Dados 30 jogadores, poucos mais talvez incluindo na lista alguns
dentes de leite, o apostador teria que definir os onze a começar a partida.
Creia-me amigo, a aposta iria acumular por semanas a fio.
Ontem, contra o Cruzeiro, o derruba apostador seria Patrick, o
comandante de ataque rubro-negro. Qual o
motivo da escalação do menino só Don Juan sabe. No mínimo é divertido e
estimulante, assim foi o início do jogo contra a raposa.
O Atlético foi para o ataque e rapidinho fez o primeiro com excelente
jogada de Guerrón disparando pela esquerda e cruzando para Edigar finalizar.
Pressionou a saída de bola, perdeu chance com Patrick, dificultou para o time
em dívida eterna com o galo mineiro, o “galo forte e entregador” conforme a
nova letra do seu hino. Os azuis só foram entrar em jogo lá pelos 30 minutos,
quando conseguiram trocar passes e equilibrar a partida.
Na volta dos vestiários, as entradas de Zezinho e Bruno Mineiro,
substituindo Ligüera e Edigar, empurraram Baier para frente e o esforço
ofensivo rubro-negro não teve o mesmo rendimento da primeira fase. Renan entrou
no lugar do capitão e o Atlético se defendeu e contra-atacou. Quase sofreu o
empate e perdeu duas ótimas oportunidades com Héracles e Patrick.
Foi um segundo tempo estranho para o Atlético de Don Juan, um
time com postura nitidamente defensiva, embora mantendo três jogadores no
ataque. Gostei.
Pela primeira vez assisti uma bem coordenada linha de defesa,
sólida, amparada por volantes e atacantes, com destaque para a atuação de Bruno
Costa e o heroísmo de Gabriel Marques. Para mim que estava pedindo uma humilde
linha de três, foi visão do paraíso.
O Atlético precisava mostrar esse equilíbrio, atacar e defender com
a mesma qualidade, ser constante e agudo na sala de visitas, e sólido na
cozinha.
Como o Atlético deve fazer gol em Minas, o resultado foi ótimo
para o prosseguimento na Copa do Brasil.
Como a defesa ganhou credibilidade, como o Tribunal de Justiça
fez justiça e só perdemos Guerrón para a final, temos agora é que sarar as
feridas, descansar e aguardar a surpresa de Don Juan para domingo. Jenison,
Marcelo, Cleberson, Harrison, o técnico coxa gostaria de adivinhar o menino da
vez. O amigo não perca tempo. Faça sua aposta.
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