Não dá para aguentar. Voltar a sofrer com as
viradas que nos levaram à segunda divisão em 2011, agora contra o Boa Esporte,
é de rasgar a camisa, ir dormir às três horas da manhã.
Encarar como normal é bater palma para louco
dançar. Pode-se pensar em mais um grande desastre, outro azar enorme, uma noite
infeliz, mas achar que o Atlético perderá outros jogos como o de ontem, como
algo dentro da normalidade do futebol, é defender o absurdo.
Com Fernandão e Bruno Mineiro, o Furacão entrou a
vinte por hora. A velocidade abençoada que veio na garupa do cavalo de Don
Juan, tocada pelos dois ponteiros e o atacante centralizado, foi deixada no caminho.
Um resto da audácia do treinador ficou nas
novidades descobertas na boca do túnel. Ontem foi Lucas Sotero. Tomara pelo
menos continue acreditando nos meninos, já estará prestando um grande serviço.
Mesmo com velocidade de cágado, o Atlético fez o
seu tradicional bom primeiro tempo, nada demais, chances de gol poucas, o gol
fruto da bola parada. O segundo foi aquela meleca. Sem muito esforço, o tal Boa
assumiu a posse da bola e foi incomodando o Rubro-negro acuado, defendendo-se,
errando passes, a criatividade nula, até perigosamente avançar a defesa e tomar
o gol de contra-ataque, chute no meio das pernas de Rodolfo.
Goleiro deve ser como papa recém-falecido, fazer
milagre todo dia. Os do Atlético não passam de bons seminaristas. A esperança é
Weverton. É chegar e jogar.
O belo gol
da vitória do time de Varginha foi fruto de jogada costurada desde a
intermediária defensiva. Assistimos à troca de passes, Rodolfo rebateu para
frente e rede. Uma desconcentração tremenda, uma falta de intensidade no jogo
de arrepiar, coroada com a displicente cobrança do pênalti por Alan Bahia, a
cereja do bolo, um retrato do segundo tempo.
Acho que o treinador foi contaminado pelo boquejar
dos medrosos, andou dando declarações sobre a dureza do campeonato, e recuou
nas suas excelentes intenções.
Don Juan precisa saber que enquanto o Boa recebe dois milhões para a
disputa, o Atlético recebe trinta, a diferença é astronômica, a derrota só
seria justificada com dez gols perdidos e cinco bolas na trave a favor. Nada
disso aconteceu.
A diretoria está contratando com um atraso medonho,
em junho continuamos improvisando na defesa. O time que mostrou vitalidade foi
para a prateleira.
A derrota abala a confiança dos jogadores, a dúvida
pipoca na arquibancada, a cabeça esquenta, a boca se descontrola. Isso não é
bom.
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