sexta-feira, 22 de março de 2013

BARRIGA VAZIA

O congestionamento absurdo me faz chegar atrasado ao Ecoestádio. Sou recebido pelo guardador de carros que me assegura a vitória rubro-negra. Fico me perguntando de onde tira tanta confiança. Atravesso a passarela e ouço a torcida gritar gol do Furacão. Tenho vontade de voltar e perguntar o nome do santo que dá as dicas ao cheio de certezas. Entro no campo, dou uma olhada para o placar e o que vejo? Dois a um para o Toledo. É “pacabá”.

Até os 40 do segundo tempo, quando decidi abandonar o campo, assisti a um dos Atléticos mais desorganizados de todos os tempos. E olhem que eu vi coisas terríveis. Fossem as regras que regem a permanência de um treinador de Sub-23 as mesmas que prevalecem para o semelhante da equipe titular, o seu Bernardes estaria com o emprego em risco.

O Atlético foi amplamente dominado pelo Toledo, em nenhum momento teve algum predomínio, trocou quatro passes, articulou jogada que pudesse incomodar a defesa do porco. Aos trinta minutos ainda da primeira fase cabiam no mínimo duas substituições, alguns jogadores mostravam-se visivelmente fora do jogo, sem condições de contribuir sequer com a marcação.

O empate acontece na bola aérea bem aproveitada por Crislan. Fico imaginando que os dois gols do Toledo impactaram os meninos, razão do caos observado em campo. Penso que o empate e a palavra do vestiário vão colocar ordem na casa, o segundo tempo será melhor.

Amigos, nem pensar. Jogado na defesa o Atlético sofre, o Toledo perde gols. No ataque o bom Douglas Coutinho tenta resolver sozinho, solidário volta para a defesa para marcar, cortar cruzamentos, o onze está em todo o campo.

Marcos Guilherme entra com o mesmo espírito, jogar em toda parte, defender, atacar, enfim, ver se quebra o galho de pau ferro. Aos trinta entra Harrison, ali pela meia esquerda, em poucos minutos coloca Héracles por três vezes livre pelo lado, dois cruzamentos mal executados, um chute a gol para fora. Acendeu-se uma luz. Aos 40 entra Edigar Junio. Outra luz.

Dá-se a impressão que o treinador começa a escalar pelo banco. “Harrison, você sabe jogar, vai para o banco. Marquinhos, você também. Edigar, senta ali. Agora vamos ver quem vai para a escolinha”. O jogo uma peneirada valendo três pontos e a paciência da torcida. Só não entendo o por quê de colocar Zezinho para carregar o piano indefinidamente. Por que só ele não tem vaga no banco?

Saio do Ecoestádio com a entrada de Edigar. No portão ouço a torcida gritar o gol de Crislan. Sigo propositalmente quieto, devagar, ouvindo o praguejar dos passantes, o reclamar de tudo aquilo que vi, sem poder para advogar a causa de ninguém. O torcedor está cheio de razão.

O time ganhou porque em meio à selva luta com unhas e dentes. Sem norte, é forte, sendo forte, tem sorte.

Chegando ao automóvel vejo o guardador ser esquecido pelo rubro-negro à minha frente, tão aborrecido que nem moedinhas sobraram para o vigilante. Então entendo tanta fé no Furacão. É fé necessária. Se com a vitória o bendito trocado não cai, perdendo vai dormir de barriga vazia.

 

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