terça-feira, 5 de março de 2013

VIRANDO EPIDEMIA

Saio de casa para o almoço no “a quilo” onde encontro minha dieta mediterrânea, o peixe panga como carro chefe, vindo diretamente do delta do Mekong, alimentado pelo agente laranja fartamente distribuído pelo americano em terras vietnamitas, quando encontro o vizinho paranista chegando da sua caminhada sob o sol escaldante.

– Você viu o absurdo? Vou fazer um e-mail para a Federação, um e-mail deste tamanho. Não dá mais. – Conclui com os braços abertos sinalizando o tamanho da mensagem. Sem me dar chance para falar continua. – O Petraglia está certo, tem que colocar um time de meninos para jogar este campeonatinho.

Concordo satisfeito, escuto pouco mais das suas lamentações, o jogo contra o Jotinha é lembrado, dou força para a remessa do e-mail, coloco umas pimentas e parto para o peixe panga, sem acreditar nos alertas das redes sociais.

A ficha do Paraná caiu lá atrás, a do Londrina e seus milhares de torcedores caiu no domingo. Se a campanha de 2012 rendeu poucos dividendos para o Coritiba como o “time dos paranaenses”, agora é que foi por águas abaixo, quem sabe ainda reste algum torcedor iludido em Foz do Iguaçu, a capital coxa do nosso interior, segundo me consta, local de residência do apitador do fim de semana.

Por incrível que pareça, encontro em alguns rubro-negros de minha estima a ideia de que em nenhum dos três lances houve pênalti a favor do Londrina. Pelas santas defesas do Caju, até o meu porteiro coxa acha que o lance envolvendo Rafinha foi pênalti claro. Os lances são de interpretação. No lance sobre Pereira, bola na direção do gol interceptada pelo braço do zagueiro, é quase norma na arbitragem brasileira a marcação do pênalti.

O amigo pode pensar que sou atleticano revoltado. Nem pensar, desde 2012 me joguei de cabeça no projeto Sub-23. Não vou me doer pelo Londrina, nem pelo Paraná. Se lhes faltou visão, se acreditaram que o Atlético era o bandido da história, o Coritiba o bom moço, atacado pelo pérfido ditador rubro-negro, merecem o castigo. Assumiu que peixe panga é linguado, azar o seu.

A imprensa, finalmente meio encabulada, reagiu instando o Londrina a não perder o ânimo, tem ainda o segundo turno, pode chegar à final. O apresentador lamentou o lento retorno da defesa londrinense no momento do gol coxa. Após a terceira penalidade não ser assinalada pelo aplicador da regra, só se os jogadores do Tubarão fossem disciplinados soldados alemães de elite.  

Queimei a cabeça para escrever o “Fazer a Sua Parte” de ontem, evitando tocar no assunto arbitragem. Achava perda de tempo. O assunto é viciado, repugnante. Estou fora. O revoltado amigo paranista, a sinceridade do porteiro, os atleticanos de braços com a arbitragem me fizeram voltar ao assunto. Uma coisa me deixa feliz, a paranoia atleticana está virando epidemia.

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