terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O MANÁ QUE CAI DOS CÉUS

Acompanho o drama da habilitação dos smarts e lembro do último jogo que assisti na Arena, a vitória no Atletiba, última rodada do Brasileiro de 2011. Contando nos dedos, estamos há dois longos anos fora de casa, peregrinando por campinhos de terceiro mundo, pagando para não ver, por vezes impedidos pela avalanche de fieis rubro-negros, empenhados em garantir seu lugar nas toscas arquibancadas cedidas a peso de ouro.

Tínhamos uma casa de primeiro mundo, mais uns trocados e a teríamos pronta. Veio a Copa, os tais cadernos de encargos e tudo teve que vir abaixo para o atendimento das cláusulas da toda poderosa FIFA. Monsieur Jérome tem razão ao dizer que a FIFA não pediu doze estádios, foi do governo brasileiro a opção pela abundância, mas a Baixada é exemplo de que seus cadernos são um abuso, uma desnecessidade onerosa para os países a sediar a Copa.

A conclusão da Baixada, melhoras no Morumbi, no Maraca, no Beira-Rio, no Mineirão, no Serra Dourada, no Mané Garrincha, uma nova Fonte Nova e teríamos oito estádios em ótimas condições de tocar a competição. Alguns bilhões a menos na conta da viúva.

Não adianta reclamar do leite derramado, apenas salientar que dona FIFA não pode fugir da responsabilidade pela gastança, seus cadernos de encargos, dignos das mil e uma noites, contribuíram muito para a queima de recursos.

Nesses dois anos de peregrinação pela aridez do deserto, o atleticano se mostrou fiel e o senhor da bola tem recompensado sua fidelidade. Duas finais de Paranaense, uma com o Super-23, o retorno à série A, a final da Copa do Brasil, a volta à Libertadores pelo caminho da pré-Lib. São realizações importantes à par da luta pela Terra Prometida tão aguardada.

Uma boa vitória amanhã e fincamos pé definitivamente na maior competição das Américas. O atleticano, que se engalfinha pela habilitação de seus smarts, tem que entender a importância da sua presença na Vila Caldeirão. O jogo vale tudo, ele tem que contribuir com seu grito permanente para a conquista da vaga definitiva.

No primeiro jogo da final da Copa do Brasil, na mesma Vila, a torcida emudeceu, não foi fiel à sua história, permitiu ao Flamengo sair daqui com ótimo resultado. No Rio, a torcida recuperou seu brilho, deu show, não adiantava mais.

A hora é agora torcedor, os noventa minutos são decisivos. Se te incomoda o gol adversário, se tua voz se cala frente à vicissitude, passe o smart para alguém mais alentado, ou crie coragem, ponha o temor de lado e grite com força de furacão, empurre esse time minuto a minuto, a tua força nos levará à vitória.

Você torcedor é o representante de uma raça que vem de longe, das durezas infinitas, dos apoios tremendos, dos sucessos arrancados a cantos e bandeiraços. Vamos lá, seja digno do seu passado, carregue esse time no seu coração, faça-o ultrapassar barreiras, lutar sem tréguas, no meio do deserto, tua voz é o maná que cai dos céus.

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