sábado, 12 de abril de 2014

SÓ NÃO DÁ PARA SE ILUDIR

Para quem esperava grandes mudanças após La Paz, nada aconteceu, tudo como dantes no quartel de Abrantes. É natural. A mudança é ato instintivo, do tipo perdi a paciência, não gosto mais de você, faça suas malas.

Passada a ira, dado tempo para a reflexão, as culpas se dispersam, vai acabar sobrando para o cara que não deu a pressão correta naquelas bolas de vôlei, para o criador da teoria da altitude psicológica. Os cabeças continuarão prestigiados, pelo menos até o início da Copa, parada obrigatória. Sempre se pode imaginar reproduzir o milagre Mancini 2013.

Dizer que nada aconteceu é inverdade. Adriano ganhou rumo. Fico imaginando se o Atlético não pensou em duplicar o efeito Ronaldinho Gaúcho com a vinda de Adriano. Vai lá os ares curitibanos botavam o imperador para ouvir Chopin, tomar Coca Zero, dançar bolero, ele ressurgia em toda sua pompa e glória, os gols pipocavam, e olha nós no Marrocos. Desculpem o absurdo.

No jogo contra o Jotinha, comentei que Adriano parecia puxar uma perna e a mocinha ao lado, lá dos seus vinte e poucos anos, veio na esteira rápido: “Mas que ele samba, samba.” Era testemunha ocular dos subterrâneos da história.

Adriano nos matou duas vezes. No Paranaense só atrapalhou, foi um estorvo do seu tamanho. Segundo ele próprio, “perdido”. Pois o perdido foi escalado para jogar em La Paz, desde o primeiro minuto, fez o gol que a minha avó de bengala faria, e foi menos um os noventa minutos. Contra a altitude, precisando oxigênio extra, jogamos com dez. Quem nunca existiu, só atrapalhou, foi embora.

Embarcada a mala, no Atlético só se fala em trabalho. Se não mudar o esquema, se caras novas competentes não aparecerem logo, corremos sério risco. Trabalho não faltou contra o Strongest, contra o Velez, faltou inteligência, futebol, jogador. Pode haver tempo para se empurrar com a barriga, ver no que vai dar, só não dá para se iludir.

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