Passada a ira, dado
tempo para a reflexão, as culpas se dispersam, vai acabar sobrando para o cara
que não deu a pressão correta naquelas bolas de vôlei, para o criador da teoria
da altitude psicológica. Os cabeças continuarão prestigiados, pelo menos até o
início da Copa, parada obrigatória. Sempre se pode imaginar reproduzir o
milagre Mancini 2013.
Dizer que nada aconteceu
é inverdade. Adriano ganhou rumo. Fico imaginando se o Atlético não pensou em
duplicar o efeito Ronaldinho Gaúcho com a vinda de Adriano. Vai lá os ares
curitibanos botavam o imperador para ouvir Chopin, tomar Coca Zero, dançar
bolero, ele ressurgia em toda sua pompa e glória, os gols pipocavam, e olha nós
no Marrocos. Desculpem o absurdo.
No jogo contra o
Jotinha, comentei que Adriano parecia puxar uma perna e a mocinha ao lado, lá
dos seus vinte e poucos anos, veio na esteira rápido: “Mas que ele samba,
samba.” Era testemunha ocular dos subterrâneos da história.
Adriano nos matou duas
vezes. No Paranaense só atrapalhou, foi um estorvo do seu tamanho. Segundo ele
próprio, “perdido”. Pois o perdido foi escalado para jogar em La Paz, desde o
primeiro minuto, fez o gol que a minha avó de bengala faria, e foi menos um os
noventa minutos. Contra a altitude, precisando oxigênio extra, jogamos com dez.
Quem nunca existiu, só atrapalhou, foi embora.
Embarcada a mala, no
Atlético só se fala em trabalho. Se não mudar o esquema, se caras novas
competentes não aparecerem logo, corremos sério risco. Trabalho não faltou
contra o Strongest, contra o Velez, faltou inteligência, futebol, jogador. Pode
haver tempo para se empurrar com a barriga, ver no que vai dar, só não dá para
se iludir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário