quarta-feira, 4 de maio de 2011

DIA DE ELEGER

Oposição consciente é necessidade imperiosa para qualquer sociedade. Observe-se o Brasil. Enquanto houve resistência, enquanto o PT gestava sua chegada ao poder, o país era balançado diariamente por críticas de todo o naipe, as consequências, pouco interessavam. O objetivo era derrubar o inimigo, ficar dono do caixa. Obrigatório ser atingido. Embora mal direcionada, a oposição tinha a capacidade de mobilizar as massas, mudar rumos, o lado bom do processo.  

Dono do baú do tesouro, os recursos foram liberados a rodo. Bolsas de todo o tipo, sindicatos sem precisar prestar contas, uniões estudantis silenciadas, mensalões distribuídos, até se chegar ao atual estado de coisas, onde o Congresso Nacional é uma piada de mau gosto, a oposição se fragmenta, a inflação bate à porta, resultado direto dos gastos exorbitantes com a eleição 2010.  O povo assiste a tudo, mas vacila, não sabe ler, ainda precisa da parábola para entender o significado das coisas mais simples.

O Atlético, graças aos céus, tem sua oposição atuante. Excelente.

Liderada pelo ex-presidente Petraglia, movimenta-se, mostra deficiências na administração atual, preocupa-se com o desenrolar das ações relativas à Copa 2014, articula-se para reunir conselheiros e tentar o retorno de Petraglia ao comando do clube, ainda antes das eleições do final ano.

Petraglia na administração do Atlético é um luxo. Fora, pela sua capacidade de mobilização, é força capaz de alertar com precisão sobre erros cometidos pela atual diretoria. Sua longa experiência no cargo, seu amor pelo clube, seu cuidado pela obra que construiu, com seu próprio esforço e de companheiros atleticanos de alto nível, permitem-lhe tocar as buzinas do fim do mundo com autoridade. Mais do que um direito seu, é um dever. Até aí, dou meu maior apoio.

Quando Petraglia fala em destituir Malucelli, não tenho questionamentos, acho um passo grande demais. Continuo a ser oposição, mas me obrigo a discordar.

Malucelli pode não ser o presidente dos meus sonhos, mas é o presidente eleito pela força do próprio Petraglia. Se tem mandato a cumprir, que cumpra, aceite o peso do cargo, escute seu povo, evite choramingar em público, reclamar da oposição, admita que possa cometer erros e toque o barco. Até dezembro, ele é o comandante.

Petraglia afirma desejar assumir o clube, resolver os problemas que o afligem e conduzir a eleição, sem se apresentar como candidato. De Petraglia, eu quero mais.

De tudo que Petraglia coloca como impedimento para voltar ao comando rubro-negro, só encontrei um pormenor, ao meu julgamento, carregado de justiça. O fato de ter seu nome e de seus familiares xingados nos corredores da Baixada. Até o Malucelli já foi atingido por esse desatino e sentiu o golpe.

O desrespeito pelo ser humano é difícil de aceitar. Se esse for o motivo para abandonar o Atlético, terá o meu suporte, o meu agradecimento e o meu abraço, se assim o permitir.

Outras causas alegadas para o afastamento, como as inúmeras dificuldades enfrentadas pelo clube nos mais variados setores da sua direção, não chegam nem perto do caos em que Petraglia assumiu o Atlético lá no século passado e transformou com sua capacidade indiscutível.

Petraglia tem que, desde já, se assumir como candidato à presidência do Atlético, apresentar falhas dos atuais gestores, colocar propostas, mobilizar seu povo para o embate político, digno de debates na televisão em horário nobre. Ou nós atleticanos não merecemos? Até onde tenho conhecimento, seremos uns quinze mil votantes.

Enquanto isso não acontece, nós torcedores temos que apoiar o time de futebol, razão maior da existência do Atlético. A saída do senhor Bolicenho é positiva, uma mudança de foco no departamento de futebol era necessária, impossível estar em busca de atacantes com a qualidade dos nossos zagueiros, em tempos em que defender é o básico do esporte.

Somos uma força inquestionável, nossa dedicação ao rubro-negro, nossa capacidade de estar junto nos piores momentos é algo genético, passado de geração a geração, um tipo de marca mongol, invisível na pele, gravada a fogo no coração. 

Vamos rubro-negro!

A política é importante, a oposição tem que existir e exercerá suas capacidades até o ainda longínquo dezembro. Agora temos que acudir ao chamado do capitão Paulo Baier. Ir a campo. Torcer incansáveis noventa minutos.

O tempo é o senhor história. A história se escreve a cada dia. Hoje é dia de vencer, o amanhã distante será dia de eleger.



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