quinta-feira, 5 de maio de 2011

SONHAR COM A VITÓRIA

O treino de terça-feira sinalizava para noite de dificuldades. Robston escalado, após semanas de mau futebol, era fragilidade evidente no meio de campo rubro-negro. Paulo Roberto, um tempo de treinamento, uma incógnita. Sinceramente, esperei que o sono trouxesse um pouco de bom-senso para o “professor” Adilson e Robston entrasse em campo de agasalho. Que nada!

Robston é desses jogadores que me fazem acreditar no barbeiro, cheio de clientes do mundo da bola, que entre uma tesourada e outra nos meus grisalhos, solta a língua para narrar histórias ouvidas sobre sutilezas de contratos, porcentagens recebidas, este tem que jogar, aquele pode esperar um pouco mais. Impossível ver futebol no jogador. Ao escalar Robston, Adilson esteve perto de cometer o suicídio futebolístico. A corda arrebentou no primeiro tempo e ele se salvou por milagre.

Adilson se enganou, eu também me enganei. Pensei que Ricardo Gomes tivesse pouco conhecimento sobre o Atlético. Sabia, pelo menos, o fundamental. Talvez alertado por Alecsandro, ex-jogador do Inter, onde Rafael Santos tinha alguma diferença com a torcida, o Vasco cansou de atacar pelo seu setor e nos causou transtornos terríveis.

Rafael Santos é zagueiro para equipe de segunda divisão. Cego de direita, tempo de bola desregulado, titubeante, tem na bola aérea sua única qualidade. Para por aí. Acreditem senhores, é titular no Atlético, e o nosso departamento de futebol continua à procura de atacantes. Tomamos gols em todas as partidas, o jogo começa uma a zero para o adversário e choramos a perda de atacante do Caxias. Quanto amadorismo!

Com nove em campo, conseguimos levar 17000 torcedores à Arena, todos com seus narizes de palhaço, obrigados a torcer e evitar assumir a culpa pelo desastre.

O Atlético começou nervoso, procurando o ataque, com Guerron e Madson abertos pelos lados, e Paulo Baier com a dupla missão de armar e chegar para concluir. Avançou a defesa, criou chances, errou muitos passes, como diria o Tite, no terço final do campo,  e ficou vulnerável ao contra-ataque. Os dois zagueiros, jogando em linha, eram um convite à ultrapassagem fatal, sem misericórdia.

Aos vinte minutos, o Vasco passou a jogar no ataque, a bola tocada, o relógio rápido, o gol amadurecendo. Em lance pela esquerda, por sorte, a bola cruzou toda a área rubro-negra sem a finalização necessária. O Atlético recuava, dava espaço para o condutor da bola, assistia o almirante tocar, sem encurtar a distância, só recuperando a posse no erro de passe vascaíno e, então, devolvendo  o presente, com flores e cartão de agradecimento.

Aos vinte e sete, Baier bateu falta longa frontal e Manoel raspou para grande defesa de Fernando Prass. Foi das poucas finalizações do Atlético no primeiro tempo. O time criava, mas não concluía. Guerron pego em seguidos impedimentos, pelo menos um equivocado, cansou o braço do assistente. 

Aos trinta e seis, a jogada que já acontecera por duas vezes e estava clara no cardápio vascaíno funcionou. O lançamento para Eder Luis na direita, o avanço livre, o chute na trave, o retorno, o gol de Alecsandro. Chamam isso de futebol profissional. O meu nariz de palhaço cresce como o do Pinóquio. A torcida pediu Branquinho e o primeiro tempo acabou com vaia unânime.

Na volta do vestiário, Branquinho substituiu Robston. Espero para sempre. O time melhorou. Passou a jogar com dez, foi ao ataque, os arremates ausentes passaram a acontecer, o gol de Guerron animou a galera. O Atlético persistiu na frente, a torcida embalou, Branquinho obrigou Prass a grande defesa e Guerron, livre, perdeu o gol do jogo. O castigo veio rápido.

Jogada pela esquerda, Ramon cruzou sem marcação, Paulo Roberto errou feio e a bola sobrou para Diego Souza. Na fase em que o Atlético está, o atacante dá com tudo na orelha da bola e ela vai na gaveta. Golaço. Viola em caco?

Ainda não.  O Furacão foi à luta, exigiu de Prass defesa soberba em falta cobrada por Baier e conseguiu o empate no pênalti cometido por Ramon sobre Branquinho. Baier bateu e marcou. Muita gente de costas para o campo, só vibrou depois do grito da massa de sofredores.

O primeiro tempo do jogo de cento e oitenta minutos está dois a dois.

Achei fraco o desempenho de Adilson Batista. Não entendeu a força do Vasco e permitiu a jogada pelo lado de Eder Luis. A escalação de Robston foi deprimente. Já falei de Rafael Santos. Paulinho acompanhou o baixo rendimento do zagueiro esquerdo. Madson pouco influiu. Paulo Roberto demonstrou ser um volante com boa capacidade para o jogo ofensivo, fez bons lançamentos, mais entrosado, mais forte na marcação, pode ajudar.  

O nome do jogo foi Branquinho. Deu vida ao Atlético, armou, finalizou, conseguiu a penalidade que nos permitiu tirar a cabeça fora d’água.

O jogo serviu para definir titulares, escancarar carências tremendas, mostrar um Atlético que, pelo menos, jogou os noventa minutos com raça. Na atual conjuntura, o que posso esperar mais?

Espero time com mais proximidade na marcação, melhor na troca de passes, avançado no entrosamento, ainda incipiente, porém promissor.

Espero um zagueiro uruguaio, xerife da zaga, que me dê descanso, me permita sonhar com a vitória.



Nenhum comentário:

Postar um comentário