quarta-feira, 11 de maio de 2011

A VITÓRIA NUNCA POSTA EM DÚVIDA

“O soldado experiente, uma vez em marcha, nunca fica desorientado. Uma vez levantado o acampamento, nunca fica perplexo. Daí o ditado: se você conhece o inimigo e a si mesmo sua vitória nunca será posta em dúvida”
                                                                                                                                             Sun Tzu
É comum a imprensa noticiar que treinador já viu o tape da última partida de seu próximo adversário, um de seu auxiliares foi ao local do jogo para assisti-lo, a comissão técnica dispõe de todos os conhecimentos sobre sua forma de atuar. É muito pouco.
A utilização de todas as informações disponibilizadas pelos mais variados meios de comunicação, filtradas para se trabalhar apenas com aquelas dignas de confiabilidade, é indispensável para o planejamento tático da equipe.
Para que isso se torne possível, faz-se necessário que os clubes criem um setor específico de acompanhamento de seus adversários, trabalho a ser iniciado muito antes do romper da competição e atualizado dia a dia.
O inimigo-adversário deve ser conhecido em profundidade. O perfil do seu técnico, as características de seus jogadores, o ambiente existente no clube, as estatísticas de aproveitamento individual e coletivo, o nível disciplinar, os fregueses de amarelos são apenas alguns dos aspectos a acompanhar, analisar e concluir.
Assistir às últimas partidas pessoalmente, ou por meio de gravações, somente confirmará as conclusões do trabalho de acompanhamento, podendo revelar aspectos novos, até então desconhecidos.
Todos os dados coletados possibilitarão definir o padrão de jogo a enfrentar, seus pontos fortes e vulnerabilidades. Esse será o produto final do conhecimento acumulado sobre o quadro tático geral. O jogador, por sua vez, deverá conhecer o rival em minúcias.
O atacante tem que saber as características dos defensores, suas virtudes e defeitos. De seu estudo poderá concluir que o zagueiro não dá espaços, antecipa-se bem, tem pouca impulsão nas bolas altas, dificuldades no passe com o pé esquerdo e comete frequentes faltas por trás. Deverá reconhecer os principais movimentos do goleiro: como sai do gol, como se movimenta nas faltas diretas, nos escanteios, nas penalidades máximas.
O defensor estudará os atacantes a incidir sobre sua zona de atuação, concluindo se velozes, se bons dribladores, se driblam preferencialmente para a linha de fundo, se têm por hábito finalizar de fora da área, se cabeceiam bem, enfim, para cada função em campo, um oponente e suas particularidades a serem estudadas, as virtudes anuladas, as vulnerabilidades atacadas.
As principais jogadas conduzidas pelo adversário devem ser do conhecimento de todos, de maneira que, mesmo antes que seus movimentos iniciais se realizem, as marcações individuais e coberturas já estejam se mobilizando para neutralizá-las.
Na semana do jogo, treinamentos específicos visando à atuação do antagonista deverão ser a tônica dos preparativos.
As tantas peculiaridades a observar obrigarão o treinador a selecionar ações de capital interesse para o seu planejamento. A saída de bola, as coberturas defensivas, os movimentos ofensivos mais eficientes, as bolas paradas, as ultrapassagens pelos flancos, as jogadas ensaiadas, o articulador, o assistente, o artilheiro, etc. Essa seleção diminuirá muito o universo de aspectos a acompanhar, facilitando o trabalho dos observadores.
Níveis específicos de observação poderão ser estabelecidos para equipes reconhecidas como adversárias mais importantes dignas de espectro de itens a observar mais largo que aquele definido para outras de menor expressão.
O jogador deve possuir informações detalhadas, treinamento adequado, reações automatizadas. Não pode ser surpreendido, ficar desorientado, iniciar partida e ser abatido pela perplexidade. Mesmo contra competidor em melhor fase, impossível o homem vacilar, entrar em campo vítima da incerteza, sem o conhecimento que abre as portas do sucesso.
Conhecer o inimigo é apenas o primeiro passo que leva à vitória nunca posta em dúvida.

(A VITÓRIA NUNCA POSTA EM DÚVIDA é artigo do Capítulo VI – FATORES DA DECISÃO –, Subcapítulo 2 – O INIMIGO – do livro SUN TZU E A ARTE DO FUTEBOL, de autoria de Ivan Monteiro, registrado na Biblioteca Nacional sob número 329.967 – livro 605 – folha 127 –, não publicado e em constante atualização)


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