terça-feira, 17 de maio de 2011

MELHOR SE APRESSAR

Sentado à frente da TV, degustando minha segunda xícara de café, delicio-me com as imagens do chefão do FMI preso, as algemas adornando os pulsos bem cuidados, o olhar de cachorro em canoa.
Acusado de ter aparecido peladão para a camareira do hotel de três mil dólares a diária, trancado a porta e daí por diante, o idoso economista tenta pagar um milhão de dólares pela fiança e a juíza, má como pica-pau de desenho animado, nega o pedido. Vibro com a negativa, quase como a explodir com o gol de Oséas aos quarenta e cinco do segundo tempo, contra os coxas, na velha e emocionante Baixada.
– O senhor já imaginou se isso fosse no Brasil? – pergunta a diarista de tantos anos, braços cruzados, a cara enfezada, não sei se com o estrangeiro libidinoso, ou com a minha tranquilidade, atrapalhando o serviço. Estou procurando resposta e ...
– Essa camareira já estaria presa, acusada de calúnia e difamação. – Continua o ataque. Olho para a danada, que nem me vê, mas emenda com tudo, como cortador sem bloqueio na final da liga.
– É sim, não lembra o caseiro, que botaram o imposto de renda atrás dele, só por que confirmou a presença do político na casa suspeita – finaliza furibunda.  
– Tem razão, Valdirene, tem razão. – Levanto e saio antes de tomar um cascudo.
Quando retorno para iniciar meu passeio pelas notícias virtuais do meu rubro-negro, lá está o político inimigo do caseiro, sendo acusado de multiplicar por vinte o seu patrimônio em quatro anos. A comissão de ética diz que nada há a apurar. Trocada a dúzia de barbudinhos da tal comissão por uma juíza americana, só uma juíza americana, ela e sua honra colocariam de cabeça para baixo este país varonil.
Ontem tivemos nesta varonil cidade de Curitiba a visita de Romário, o deputado Romário, o melhor do mundo dentro da área, participando de fórum sobre a Copa 2014. Ao se deparar com as exigências do tal caderno da FIFA disse o notável baixinho: “Desde quando foi construída, a Arena sempre foi um modelo de estádio. Vejo aqui algumas coisas que não consigo entender e nem aceitar. Tem que ter limite.”
Frente aos gastos com ar condicionado e 11 milhões para colocar cadeiras novas, chamou para o baile o faraó da CBF, cobrando atitude: “O presidente Ricardo Teixeira tem de tomar frente nisso, conversar com a FIFA e mostrar que estamos no Brasil. Se o Comitê Organizador Local não tomar providências, a tendência é só piorar.”
O peixe continua atrevido e eu gostaria de ter nas suas palavras as mesmas esperanças que tive quando a bola era sua principal companheira. Romário ainda não sabe que o senhor Ricardo Teixeira não é só o presidente da CBF, do Comitê Organizador Local, é o dono do futebol no Brasil. Ou alguém duvida que o Brasil tem donos, as capitanias hereditárias continuam a vigorar anos após o fim da dominação portuguesa.
Torço por Romário, como sempre torci. Vai ver o baixinho tira o faraó prá dançar.
Leio que as construtoras estão pegando senha no Atlético para apresentar propostas. Só tenho dois motivos para tanta correria. Ou o dinheiro vai sair, as “mumunhas” estão bem encaminhadas, ou a possibilidade de Petraglia tomar a frente do processo, fazer tudo sozinho e deixá-las a ver navios, sem um trocado a receber, colocou o carro para andar.
A Copa é a festa das construtoras. O efeito Petraglia é séria ameaça ao banquete em Curitiba. Melhor se apressar.  

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