segunda-feira, 22 de abril de 2013

ENTROU PARA FICAR

Desde os meus tempos de tenente afastado do Boquera deixei a viatura longe à beça, andei feito um camelo, percorri um labirinto urbano, as pessoas nas portas das casas, nas janelas, risonhas assistindo ao movimento, e entrei na Boqueixada já no “Pátria amada”. Quando arrumei um espacinho no alambrado e coloquei o olho no jogo, o atacante coxa explodiu a bola nas costas de Héracles depois de um forrobodó dentro da área. Ai, ai, ai.

O Atlético defende com Hernani fechando o setor esquerdo, Foguinho marca Alex, Elivelton pega David na sua volta para buscar jogo. As marcações podem se alternar, gostei, nota 10 para o Prof. Berna. Mesmo marcando forte, mais defesa do que ataque, o Furacão chega à frente com perigo, tem presença ofensiva, melhor do que eu esperava. Continuo gostando.

Ali pelos quinze o coxa avança a defesa e começa a incomodar. O Atlético está mobilizado, marca firme, próximo, dois a três jogadores sobre o condutor da bola e contra-ataca. O jogo está nesse vaivém quando Héracles toca a Hernani pela esquerda, recebe dentro da área, cruza, Crislan fura, mas Edigar Junio finaliza rasteiro, bola na rede, torcida em delírio.

O time das alfaces aperta, força pela esquerda com sucesso, vai conseguindo faltas, entra na área no toque-toque. Escudero cabeceia para fora na cara do gol; Rafinha entra livre e Santos salva no chão; Rafinha cruza, David cabeceia mal; novo cruzamento, David faz o pivô aéreo para Alex perder gol feito.

O meu sangue doce só não amarga por que o Furacão é uma intensidade só, ataca, consegue faltas, dá trabalho ao goleiro coxa. Passados 30 minutos, o Prof. Berna desloca Hernani para a direita, junta ele a Elivélton para acabar a festa coxa, tava na hora de fechar aquela avenida.

O tempo vai terminando, Alex está bloqueado, o coxa vive de cruzamentos altos, num desses três coxas impedidos, o assistente manda seguir, a menina despenca escada abaixo, agarra-se no alambrado furiosa e manda “abre o olho bandeira”. Vamos para o picolé, o time é máquina mortífera.

O segunda fase segue na mesma toada, o Coritiba no ataque, agora tentando os chutes de meia distância, todos aparados pelo ótimo Santos. Aos oito, Crislan parte no contra-ataque e perde no lance final. Aos onze, Edigar toca a Zezinho mo meio campo, o meia lança Hernani livre pela direita, o menino cruza para Edigar finalizar de carrinho, a bola explode na trave e volta na cabeça de Zezinho que marca o segundo. É um sonho. Como no primeiro gol, a jogada é belíssima.

Agora o coxa vai ter que apressar o jogo, vai ficar mais fácil. Alex sem função no ataque volta para buscar jogo na intermediária defensiva, perseguido por Edigar. Aos 25, Hernani deu um “já vai” no turco cabeçudo que caiu do salto, fez falta grosseira. O Alviverde não assusta no ataque e toma contragolpes em sequência, as chances perdidas no último drible.

Aos 29, o péssimo Escudeiro tenta o drible sobre Crislan, perde, o Neymar do Piauí arranca e transforma o placar em goleada. Saio do alambrado e vou abraçar a esposa no terceiro degrau, o terceiro abraço para a santa que me segue em toda parte.  “Um, dois, três! É Sub-23!”

Saí mais cedo, não vi o gol de Alex, nem precisava, nem queria ver. Voltei a camelar pelas ruas do Boquera, pensando nos destaques do jogo, hoje é dia de contar a história, os heróis ficam para amanhã. Ontem listei meus Atletibas inesquecíveis, a lista aumentou. O chocolate suíço recheado com momentos de olé que os meninos nos deram de presente entrou para ficar.

 

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