sexta-feira, 5 de abril de 2013

PROMETI E CUMPRI

Incitei o irmão rubro-negro a arregimentar companheiros para a luta final contra todas as barreiras que ainda atrapalham o decolar definitivo da Arena da Baixada. Prometi ajudar e aqui está a minha ajuda.

Para que o amigo possa convencer alguém tem que conhecer toda a história, estar a par de todos os detalhes, não ter dúvidas na hora de responder a pergunta mais aguda. Para lhe dar esse embasamento, fui buscar a palavra de Heródoto, o pai da história, o que tudo sabe. Cheguei a Atenas em final de tarde, momento em que o historiador degustava um bom vinho, saboreava imensas azeitonas, embaixo de frondosa tamareira.

Cheguei, fui contando minha história, dizendo do meu desejo, queria aprofundar a pergunta quando o mestre começou a falar.

“A história que você quer que eu conte começa no longínquo mês de julho de 2011, quando o presidente Mario Celso Petraglia assumiu o projeto de autogestão do Clube Atlético Paranaense, ficando sob sua responsabilidade a solução técnica, econômica e financeira das obras de conclusão da Arena Copa 2014”. O relato começou fidedigno. Animei-me.

“É bom lembrar” – prosseguiu o mestre –, “que o seu Presidente assumiu a responsabilidade sem ter o poder nas mãos. Na verdade, só pôde trabalhar efetivamente a partir de 5 de janeiro de 2012, data em que tomou posse sua diretoria, data postergada ao máximo pela diretoria anterior, marcando as eleições para 15 de dezembro e dando férias coletivas a todos os funcionários. Em hora de tamanha necessidade, o clube estava fechado, na segunda divisão, impositiva a espera angustiante e onerosa. Computaram-se desta forma cinco meses de paralisação institucional, porém, mesmo assim, o trabalho começou.” Um suspiro, uma azeitona, um rápido olhar para minha boca aberta.

“Ainda em 4 de outubro de 2011, as obras foram reiniciadas, sem nenhum conhecimento do que se encontraria na coleção de projetos de engenharia já desenvolvidos. As surpresas foram inúmeras. O projeto estrutural teve que ser abandonado e recontratado. O mesmo aconteceu com o projeto elétrico e de fundações, além, claro, da necessidade de certificação e conferência de todos os demais. Leio nas informações que me chegam todos os dias insinuações contra o teu presidente. As pessoas tinham que conhecer melhor a história”. Digo que estou ali para isso, para conhecer tudo tim-tim por tim-tim. O velho pigarreia e vai em frente.

“Os trabalhos para contratação do financiamento foram iniciados. Sem caixa o Estado, o Município e o Atlético, a solução foi buscar os 100% do orçamento no BNDES. Então veio o pior, a autofagia da tua província deu seus primeiros sinais, a incompetência, a falta de vontade política, o ano eleitoral, a exigência de garantias, o potencial construtivo que virou recurso público, a traição dos derrotados, a burocracia brasileira, a participação de dezenas de órgãos fiscalizando e dando pareceres sobre a documentação dos projetos fez com que a 1ª parcela do contratado só fosse recebida em 14 de janeiro deste ano de Papa novo. Estamos trabalhando feito loucos por causa da renúncia do Bentinho.” Espreguiça-se o mestre, os últimos raios do sol grego fazem brilhar os telhados alvíssimos das pequenas casas ao redor.

“Sem recursos garantidos, veja você o absurdo – salienta o sábio, afastando um mosquito com movimento da toga –, sem projetos prontos, sem certeza do futuro, a Arena demolida, Estado e Município vacilantes, em ambiente de total insegurança, foi concebida a modelagem de autogestão, eliminando riscos futuros para a instituição Atlético Paranaense, evitando responsabilidades sobre os valores dos 2/3 do acordo tripartite, confirmando a criação da tampa do caldeirão, o aumento do número de cadeiras para 44 mil, a eliminação dos pontos cegos, em meio ao terremoto seu presidente e sua equipe tiraram nota 10 com louvor. Todas as promessas feitas quando da apresentação do projeto de autogestão em maio de 2011 ao Conselho Deliberativo da diretoria Malucelli foram incluídas na modelagem.” Permaneço calado, não quero interromper o fluxo de conhecimentos importantes.

“De lá pra cá foram lutas diárias do seu Presidente e equipe. 2012 foi ano muito difícil para todos vocês atleticanos, eu acompanhei cada uma das dificuldades. A complementação dos valores do potencial construtivo na Câmara Municipal, mesmo com o Prefeito derrotado, o encerramento da CPI com o depoimento esclarecedor do Presidente, a conquista do acesso à primeira divisão, a necessária arrumação da casa, a preparação da equipe para 2013, finalmente o recebimento dos recursos para o tocar da obra”. O sábio coça a cabeça, parece procurar um detalhe perdido naquele majestoso final de tarde e prossegue.

“Desculpe, estava me esquecendo. No final de 2012, quando tudo se encaminhava para o acionamento dos motores, para a contratação de 500, 1000 funcionários, percebeu-se que a máquina não estava pronta para deslanchar. A ENGEVIX contratada para o projeto de autogestão, condição imposta pelo BNDES, não rendeu o esperado, foram muitos os problemas operacionais. O impacto da realidade bateu duro sobre a diretoria. Foi necessário rever toda a estrutura da CAP S/A, recontratar empresas, rever o contrato com a ENGEVIX, substituir colaboradores incompetentes, tudo foi feito para que em janeiro de 2013 se começasse vida nova, com novos planos, tempos, orçamentos, ritmo e motivação para a construção do templo que será o orgulho da tua cidade”. Estranhei o uso da palavra templo, estaria o sábio se apaixonando pelo Furacão?

“As últimas informações que recebi mostram plena retomada, nos últimos três meses a produção foi importante. A reorganização do canteiro, almoxarifados, a melhor utilização do pessoal, dos equipamentos, a imposição de prioridades nas frentes de trabalho, os reforços nas equipes dentro do possível, a contratação de um engenheiro “dono da obra” 24 horas com o pé no barro visam o cumprimento da meta de 50% das obras prontas até o dia 31 de maio, com a conclusão das obras civis, parte mais complicada de qualquer empreendimento, e grande parte da montagem da cobertura metálica. O trabalho dos seus empreendedores orgulharia Fídias, o construtor do nosso Partenon na acrópole magnífica”. Havia empolgação nas palavras do historiador e geógrafo.

“Estão praticamente comprados todos os projetos complementares, ar condicionado, pisos, material hidráulico, elétrico, de iluminação, fechamentos, iluminação de campo, esquadrias e vidros, os itens necessários ao acabamento. O trabalho será maior e mais detalhado, mas, como se trata de obra horizontal seus engenheiros poderão aumentar o efetivo de pessoal e produzir em várias frentes ao mesmo tempo. Vai dar certo.” Daqui a pouco o homem vai vestir uma toga rubro-negra.

“Vocês têm pela frente ainda sérios problemas, que vou listar em ordem de prioridade. Primeiro: Falta ainda a desapropriação de 5 propriedades, todas importantes que estão atrasando a abertura de novas frentes de trabalho seriamente; Segundo: As liberações das parcelas do BNDES são caixas pretas plenas de novidades desagradáveis. Agora, momento da 2ª liberação, a receber em março,  surgiu a necessidade de autorização do TCU. Este por sua vez disse que seria problema do TCE-Pr, o qual disse não se sentir comprometido e que nunca firmou nenhum convênio, acordo ou qualquer outro documento com o TCU para fiscalizar e atestar o andamento das obras. É o teu país, fossem vocês como a Grécia, isenta de matérias primas, a crise já os teria atropelado há tempos; Terceiro: Contratação de novos financiamentos para a complementação das obras em razão da inflação do período – orçamento básico de 11/10 com conclusão das obras em 12/13 – e prorrogação de um ano do cronograma, com custos indiretos incidindo consideravelmente, administração, fiscalização, limpeza, segurança, aluguel de equipamentos, ociosidades, retrabalhos, descontinuidades, canteiros etc. Muito já foi feito, mas ainda falta o milagre final”.  Cansado, o sábio sorveu metade do cálice de vinho. Para não perder o impulso, pergunto se acha viável a conclusão do projeto?

“Não tenho dúvidas sobre a conclusão do projeto, vocês terão a melhor, a mais bonita  Arena Copa 2014, paga, sem dívidas, sem construtoras, sem empreiteiras, sem donos para explorar por décadas seu patrimônio, com teto retrátil para grandes eventos trazidos pela AEG – a maior empresa de entretenimento do mundo –, com todos os conteúdos, os produtos, receitas e benesses para o teu Furacão. A partir daí estará encerrado o ciclo de investimentos em patrimônio e os recursos serão canalizados para a formação da equipe, chegando ao que muitos desejam sem entender os degraus necessários a galgar para se atingir o topo da pirâmide futebol”.  Faço menção de levantar, o sábio faz um sinal para que eu permaneça sentado e levanta um brinde.

“Caro Ivan, vocês terão a alegria, o prazer, o orgulho e a satisfação de vividos mais alguns meses – o tempo é rápido demais – vivenciar a inauguração da ARENA DA BAIXADA, de roupa nova, cara nova, linda, maravilhosa, sem pontos cegos, totalmente coberta, com as melhores cadeiras, inteiramente de vocês. Com mais esta promessa cumprida, seu Presidente dirá de boca cheia que o Atlético não perdeu o trem bala da história do futebol brasileiro e construiu com toda a certeza um futuro CAPGIGANTE. Saúde ao Furacão”.

Levanto-me, agradeço, entrego uma camisa rubro-negra de presente, preparo-me para retornar quando o sábio me estende a mão carregada de dracmas para a compra de uma cadeira na Getúlio Vargas superior. Olho para ele carinhoso e digo: “Sabe de uma coisa, comprar com...”

Querido amigo rubro-negro, Heródoto entrou na história para tornar o texto leve, já que havia a necessidade de ser extenso. Os dados são reais, muitos deles do conhecimento do amigo, outros nem tanto. Espero tê-lo convencido do esforço imenso desenvolvido para tornar o templo realidade, da incansável faina em que se meteu o Presidente Petraglia e sua equipe para realizar o sonho de todos nós.

Como o amigo viu, o trabalho é intenso, as pedras rolam frequentes obstando o prosseguir com facilidade. O amigo pode ajudar muito. Motive o rubro-negro descrente ao programa SÓCIO FURACÃO, tem uma cadeira compre outra, conhece um vereador buzine no ouvido dele, é um expert em redes sociais, use seu conhecimento, conhece a filha da procuradora, dê a ela uma rosa, depois uma camisa vintage, temos que aumentar a jato a associação de torcedores, conseguir ultrapassar as barreiras, quantas vezes os grandes problemas são resolvidos pelo motorista do chefe. Se nada disso puder fazer, esclareça o incrédulo, mostre a verdade dos fatos, ganhe a sua confiança. Vamos! Você conhece a história, tem fé, faça o que puder, tudo ajudará. Eu prometi que ia te ajudar, prometi e cumpri.

PS: Meus agradecimentos ao Presidente Mario Celso Petraglia que gentilmente disponibilizou os conhecimentos que permitiram a realização desta coluna.

 

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