Na entrada principal da
Vila Olímpica, que eu não consegui descobrir onde é, deveria ser colocada placa
com o nome dos participantes da partida memorável e a inscrição: “Aqui neste
modesto estádio valorosos jovens vestidos em vermelho e preto deram uma aula de
futebol ao time titular coxa-branca, relembraram momentos históricos da garra
atleticana, fizeram velhos corações se emocionarem com a redescoberta dos
verdadeiros valores rubro-negros”.
Como diria o Prof.
Berna, o maior valor está no coletivo. Ele está certo, como esteve certo o jogo
todo, com a escalação inicial correta e o deslocamento perfeito de Hernani para
a direita, movimento capital, xeque-mate no avanço coxa pela esquerda, fim do
desequilíbrio, início do massacre.
Ao procurar dar ressalte
a jogadores participantes desse coletivo bem-sucedido, fiquei frente a cenário
como o de premiação de voleibol, quando a um chamado sobem todos os atletas de
um único salto ao patamar da vitória. Enaltecer o atacante, volto ao primeiro
parágrafo e só vejo nomes de atacantes, será imaginar menor o importantíssimo
trabalho do defensor, valorizar Crislan, esquecer a absoluta eficiência do sensacional Santos.
Para não cair nesta
armadilha, reverenciando a todos na figura de Renan Foguinho, liderança física
poderosa, um leão com juba e tudo, vou dar relevo a apenas um dos guerreiros do
inesquecível 21 de abril em que o vovô perdeu a dentadura. E o escolhido é? Hernani.
Por quê? Andei botando a
boca no menino, critiquei, disse que telegrafava os passes, era muito estiloso,
fazia faltas perigosas, critiquei por reconhecer nele talento e talento não se
desperdiça, orienta-se.
Pois o danado jogou como
gente grande. Começou pela esquerda, fechando o setor na marcação, e no momento
preciso recebeu de Héracles e com exuberante simplicidade devolveu, daí para o
primeiro gol foram três segundos.
Necessário pela direita,
para lá foi, marcou, se fez alguma falta não anotei, e quando lançado por
Zezinho avançou e deu outro passe precioso para Edigar, mais três segundos e o
segundo gol. Para quem não sabe o porquê do estiloso, observe uma certa
quebrada de quadril, um movimento de ombro para baixo quando do momento do
chute certeiro. O piá é cheio de veneno.
Para arrematar deu um
corte em Alex e tomou um passa-pé revoltado. Alex ficou roxo de vergonha e foi
levantar o menino. Pela pouca idade, pela participação com elevada técnica nos
dois primeiros gols, com a eficiente participação tática, a marcação sem
grosserias, considerei Hernani o mais importante jogador do clássico. Como
tantos outros deste time de heróis, o piá vai longe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário